num poema em linha oblíqua confessa-se esse poeta a um seu mestre e diz-se convicto disso
e eu tantas vezes derrotado aos tapas
enxovalhado por uma chuva de metáforas
eu – que fui traído & ridículo mais ainda
que tenho querido ser poeta menor que
já todos os meus mestres tinham sido
que tenho o nome & o corpo sujos por
este caminhar-se deste mundo pelos sítios
que fui aos Infernos muita vez brindar com Caronte
que tenho sido acusado de mau grosso estúpido
sabendo o tanto disso que é verídico!
eu – Fernando – somente não fui príncipe
pelo tempo suficiente ao que deveria tê-lo fingido
fui eu mesmo ferido pelos golpes contra mim desferidos
porisso eu te-confesso isto (estou de guarda: aberto):
apesar de teres sido tão cruel contigo tu ainda
haverias de convir comigo: não somos assim tão vis
há outros mais ruins e não via textos mas
nesta verdadeira vida mesma
(Em Pessoa, passeando por seus campos de versos.)