terça-feira, 21 de abril de 2015

O POEMA SAMBA





Saudade


Saudade! Olhar de minha mãe rezando
e o pranto lento deslizando em fio.
Saudade! Amor da minha terra... O rio
cantigas de águas claras soluçando.

Noites de junho... O caboré com frio,
ao luar, sobre o arvoredo, piando, piando...
E, ao vento, as folhas lívidas cantando
a saudade imortal de um sol de estio.

Saudade! Asa de dor do pensamento!
Gemidos vãos de canaviais ao vento...
As mortalhas da névoa sobre a serra.

Saudade! O Parnaíba, Velho Monge,
as barbas brancas alongando e, ao longe,
o mugido dos bois da minha terra.

Da Costa e Silva

quinta-feira, 16 de abril de 2015

POEMAS DE VERDADE




Angu do Brasil

Num restaurante do Rio,
Perdigão não era marca
de produtos tipo frios,
era onde se-produzia
o “cheiro do queijo”,
o produto quente
da ditadura do Brasil.

Restaurante onde
se-preparavam os pratos
pra serem servidos frios,
em vendeta de milicos.

Com o apoio da TV Bobo,
atores, diretores e o dono
armaram seu teatrozinho
pra impressionar o público.
Ah, canalhas! E acreditou-se
que os atentados vinham
da esquerda, quando a direita
o rosto do povo socava!

Essa Guerra Suja não vai
ficar sem memória, não!
Não mais elétricos choques,
só choque de consciência...


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Casa da Morte

No Rio, em Petrópolis,
na Rua Arthur Barbosa,
num morro de Caxambu,
houve uma Casa da Morte.

Era uma casa bem disfarçada,
não tinha poema, só tinha bala;
ninguém saía vivo dela não,
porque, na Casa do alemão,
os brasileiros, além de presos,
eram torturados pelo desprezo
de “doutores” em operação militar
que estavam ali para os-matar
ou transformá-los em infiltrados
depois de muito bem trabalhados:
doutores Bruno, Nagib, Ubirajara,
Teixeira, César, Pepe e Diablo
ditavam a conveniência da Casa
contra as pessoas trucidadas.

Mas, não tarde, Inês não foi morta
e dos segredos da Casa abriu a porta!


(LUIZ FILHO DE OLIVEIRA. Das Bocadas Infernéticas. WEB: 2015.)