Imagem: Latuff. Tortura, 2010.
O que há de ser roubado mas cantado 743 vezes numa
estação no Rio (Centro) por um poeta do meio do caminho*
Maninhos...
eu vi
o último
militar a governar este país
encenando o
inaugurar da ponte do meu bairro
do assento
traseiro do oficial carro brindado...
[blin!
[blin!
em
velocidade suspeita de atitude... autoritária
em dia de
educação moral & cívica hipocrisia
porque o
Brasil era um-país-que-vai-pra-frente
e vai
esquerda direita volver sem descanso
pois quem le-amava
não le-deixou por militar
Por risco
passo de pau pra cacete
na frente
dessa gente amiga e tão contente
e confesso
deixar os setenta-oitenta medos
[adolescentes
[adolescentes
de
lado e olhar
bem na cara
desses reconhecidos torturadores
[mascarados
[mascarados
a dizer a
eles que venceram essa parada
dos civis
civilizados osquais pensavam que nada
poderia
roubar nosso conhecimento acumulado
bem dentro
guardado nos bolsos da consciência nata
Não...
negativo!
Pra exumar
o cadáver desse delito milico de torturar
risco com o
máximo volume do grito tal cogito
pensando
logo existir quem teve o saco chutado
ou pousado
de morcego nos galhos de um pau de arara
ou chocado
à força com que elétrica a corrente
[movimentava
[movimentava
as cargas
roubadas do conhecimento e não furtadas
de suas
memórias profundas ou rasas
que vazaram
pelo ralo depois do ácido
Como
poderemos esquecer tamanha canalha
se eles
quebraram a regra ao roubar o que se-pensava
não poder
ser pelo poder de fato tomado desligado
de atitudes
& palavras para o bem das pátrias?
Disso
sabiam aquelas fardas mas falharam
visto ser o
cérebro do ser – general –
a nossa
Caixa de Pandora ao contrário
o bem a
sair pela boca do corpo aberta
esperança a
fugir pra bem mais descobertas
mal o saber
compartilhado – campanheiros – vingue
e possa
interessar a quem vá passá-lo à frente
[dos hinos
[dos hinos
por gritos
cartas paredes cantos livros panfletos &
[vídeos
[vídeos
(mesmo que
sejam até revistados estando despidos)
vistouvidotocado
haver neste poema indícios vingados
daqueles
corpos de ideias em resistência
pra dizer
que houve roubo mas não
completo:
existe... poema!
(No
Primavera, em Teresina, sobre a ponte de acesso à federal universidade.)
*Em memória de Gonçalves Dias, Bertold Brecht, Raul Seixas e de todos os torturados.
(LUIZ FILHO DE OLIVEIRA. Onde Humano. Teresina: Nova Aliança, 2009.)
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Pelos
que no telhado da noite armada poesia atiraram (dita dura)
A polícia pode
baixar o pau,
que a gente vai
levantar os cacetes.
Aí cinco, seis, dez,
centenas, trocentos,
contra todos eles,
taliônicos dentes:
no centro, o atentado;
no olho, o sequestro;
no saco, o choque;
no forno, os cadáveres!
(LUIZ FILHO DE OLIVEIRA. Das Bocadas Infernéticas. WEB: Deleitura, 2012.)
5 comentários:
eles que venham, nós estaremos aqui. E quando eles chegarem é bom que tragam tanques grandes o suficiente para esmagarem os nossos anseios por liberdade.
É isso aí, Lucas. Pau neles!
Complexo seu texto, porém real.
Gosto muito daqui e me encanta que leia meu blog ou um de meus blogs uma
vez que tenho mais de 40.
Linda sexta pra nós!
Bjins
Alias esqueci de dizer tem poema excitante
novo por la...
Juntos, pela palavra. Lerei em breve.
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