terça-feira, 31 de julho de 2012

OUTRO PARTIDO, SÓ PRA VARIAR, PIRATA

Imagem: Wikipedia




Nessa sexta-feira (29/07), em Recife, a formalização do Partido Pirata do Brasil (PPBr), na Campus Party, me-fez lembrar Raulzito em sua música “Só pra variar”, em que o maluco dizia: “É que eu vou fundar mais um partido também”, em tom sarcástico e destilado em ironia contra o sistema político brasileiro no início da década de 1990, logo após o fim da ditadura militar. Mas fique calmo, Zeca, que eu não vou pedir pra tocar Raul, não. Falei dessa música do álbum “Abre-te, sésamo” (1993), Baleiro, pra contrapor com a seriedade que é o movimento em torno da causa do “software livre”, surgido a partir da criação do Partido Pirata na Suécia, em 2006, por Rick Falkvinge.

Não que a sátira de Raul não fosse bem-vinda nos idos de 90 quando o Brasil estava se-redemocratizando, não. Foi importante, uma reflexão, mas é que uma atitude de criar um partido político para lutar a favor de algo que mexe com grandes grupos empresariais (lá vêm em eco as rimas!) mundiais é mais, é ação, e séria! Escrevo isso porque, a princípio, o nome e o logotipo do partido (sem falar dos integrantes!) podem passar a ideia de que é “coisa de adolescente internético”, de “sem-noção” (essa atitude de descaracterizar a seriedade dessa empresa política fica clara que é a primeira dos contrários a isso!), quando, de fato, trata-se de direitos fundamentais ao cidadão, como o software livre, a inclusão digital e a realização de políticas públicas colaborativas. Epopeia grandiosa, essa que os Piratas estão fazendo pelo mundo. Da Suécia navegou (e leiam que esse termo, aqui, não é ambíguo, é metafórico!) pra Alemanha, Islândia, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Holanda; e navegou a América: Argentina, Estados Unidos, Peru, Chile. Atracou no Brasil desde 2007.

Apesar de o movimento já possuir os documentos para informar legalmente a criação do partido ao Supremo Tribunal Eleitoral (TSE), ainda está coletando assinaturas e doações para a concretização dessa "associação voluntária de cidadãos que se propõem a lutar pela proteção dos direitos humanos, por liberdade de expressão, pelo direito civil à privacidade das informações em todos os suportes e meios de transmissão e armazenamento, pela liberdade de aquisição e de compartilhamento de conhecimento e tecnologias, incluindo transformações políticas e sociais, institucionais, econômicas, jurídicas e culturais destinadas a garantir a propagação da informação de forma livre e sem impedimentos, com o objetivo de colaborar na construção e desenvolvimento de um Estado Democrático de Direito mais transparente e justo". Aqueles que quiserem colaborar devem acessar http://www.partidopirata.org/doacoes.html e clicar com os Piratas.

Não sei se há prazo para que o registro do partido no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) possibilite a candidatura já na eleição deste ano. Não sei. Mas me-deixa muito feliz essa possibilidade do clichê, nova mente: “sangue novo na política”. É, chamada para discutir, em primeiro plano, a “internet livre”, a juventude poderá participar das decisões políticas de fato, quebrando outro lugar-comum: o de que “jovem não gosta de política”. Depois, é chamar pra discutir outros pontos, esses que os “velhos lobos” da política brasileira não conseguem resolver. Vejamos o exemplo da sueca Ellen Söderberg, 18 anos, que se-candidatou este ano pelo Partido Pirata sueco a uma cadeira no Parlamento Europeu, na eleição ocorrida no início deste mês, mas que não conseguiu fazer com que o Pirate Party repetisse os 7% de votação da última eleição, quando havia eleito dois deputados, Christian Engström e Amelia Andersdotter.

Como, em nosso país, o cidadão pode tirar o seu título eleitoral a partir dos 16 anos; então, o Partido Pirata do Brasil (PPBr) tem uma excelente chance de realizar uma campanha que possa, sim, concretizar o início da fala de Rick Falkvinge de que “o Brasil tem a habilidade e a capacidade para dar um golpe nas economias dominantes atuais”. E mais: não somente um golpe desses, mas também um golpe nessa “politicaca” brasileira, matando esses “lobos do povo”. Sim, pois já estamos cheios de “jovens filhos de políticos”, de Fulano Júnior, de Sicrano Neto, de velhos truques de raposas velhas. Precisamos dessa “impessoalidade” da internet, de pessoas que sejam escolhidas, não por apadrinhamentos ou conchavos mensalônicos, não. Queremos os jovens de 16 anos para que possam aprender a fazer uma política de pirata, só pra variar. É preciso iniciar essa epopeia moderna-pós de reestruturar nosso quadro político. Tudo são possibilidades.

Porisso, o secretário-geral do PPBr, Alexssandro Albuquerque “Bauer” precisa iniciar uma campanha desse naipe para realmente fazer a diferença no Brasil, fazendo com que os jovens de 16 anos possam eleger representantes que não sejam patrocinados por grupos políticos corruptos (que é o que não falta neste país!). Isso, só pra variar, também, o tom deste poema:


OSPB

(Organização Sem-vergonhal do Político Brasileiro)

Politicacas
cloacam do Brasil
a Magna Carta.

Polititicas,
à força, forjam
as injustiças.

Politicacos,
inteirados, quebram
os caixas.



23 comentários:

Cunha e Silva Filho disse...

Caríssimo Luiz Filho de Oliveira:
Faz tempo não leio artigos seus, mesmo poemas, fora o que lhe estou devendo no tocante à sua poesia. Desta vez, você, com esse espírito gregoridematiano, vem dar seu recado de jovem antenado com as misérias bruzundanguenses e os políticos macunaímicos desta pátria amada.
É muito válido qualquer ideia nova, proposta nova de gente que tem no espírito ainda a pureza de pensar um lugar melhor e mais responsável para o país. É regra "quase" sem exceção, ou mesmo sem exceção, que a sociedade brasileira está com a sua cota de esperança nas nossas instituições políticas esgotada. Tanto mais quando se sabe que o julgamento do "Mensalão" - aí está o assunto de volta - não vai punir os grandes , médios e pequenos ladrões do Brasil.
Espero de você e de outros jovens de talento, quando se dedicam a uma arte qualquer, que nunca se desliguem do compromisso entre a arte e a sociedade. Chega de acadêmicos que só reservam lugares para o volátil mundo da teoria e do alheamento dos problemas nacionais. Pra mim, o escritor sem o comprometimento social e a defesa dos ofendidos não tem razão de ser.
O vazio do componente social no mundo literário e das artes e ciências em geral é uma traição ao conhecimento acumulado das civilizações mais antigas à contemporaneidade. Valeu a OSPB de tão triste memória! Um abraço do amigo

Cunha e Silva Filho.

Luiz Filho de Oliveira disse...

Se depender da minha "lira maldizente", não vai faltar teclado pra escrever o grito dos que somos ludibriados por essas raposas da política brasileira. Como já lhe disse, seus comentários são sempre estimulantes, mas catalisadores de responsabilidades. Até mais páginas, meu caro.

Anônimo disse...

Caro Luíz, vc sempre surpreendendo nas sua colocações...Parabéns!Vc abre a mente das pessoa com muita seriedade e compromisso.Adoro seu blog,vc é super intelectual! Abração,Lobão Veras.

Luiz Filho de Oliveira disse...

Abração, Lobão Veras. E obg.

Lucas Holanda disse...

Luiz,
tomei a liberdade de publicar seu artigo no Poetas de Marte (poetasdemarte.blogspot.com)
um abraço,
Lucas

Luiz Filho de Oliveira disse...

À vontade, Lucas. Vc é de casa.

Anônimo disse...

Caro Poeta, é com muita satisfação que escrevo para você pela primeira vez.Já venho lendo seu Blog faz tempo, mas hoje resolvi fazer um comentário...você é muito especial no que escreve,muito correto e sincero nas palavras.Parabéns!Á muito importante sua colocação diante dos problemas atuais.Este texto é muito esclarecedor e sua poesia eu não tenho palavras,simplesmente maravilhosa.Um grande abraço,Matheus Candish.Abração na Suzy,pois foi ela que me indicou seu Blog.

Luiz Filho de Oliveira disse...

Seja bem-vindo, Matheus. E valeu pelas visitas aos meus textos. A Suzy é mesmo um amor meu mui gentil em fazer isso.

Antologia Bloética disse...

Com os devidos créditos, divulgamos poemas de sua autoria no Antologia Bloética, que se propõe a compilar poetas que divulgam exclusivamente seus poemas em blog . Bem-vindos ao blog dos "bloetas!!!

HORMIGA disse...

Hola Luis, tienes un interesante blog; un blog que llenas con la magia de las palabras, unas las entiendo y otras no, pero es un gusto intentarlo, es un modo de aprender mejor portugués...Saludos desde Madrid..

Luiz Filho de Oliveira disse...

Obrigado, "bloéticos". É um prazer fazer parte de seu blog.

Hormiga, seja bem-vinda sempre.

José María Souza Costa disse...

Eu vim lhe fazer um convite

Passei por aqui, para lê o seu blogue.
Admirável. Harmonioso. Eu também estou montando um. Não tem as Cores e as Nuances do Vosso. Mas, confesso que é uma página, assim, meia que eclética. Hum... bem simples, quase Simplória. E outra vez lhe afirmo. Uma página autentica e independente. Estou lhe convidando a Visitar-me, e se possível Seguirmos juntos por Eles. Certamente estarei lá esperando por você, com o meu chapeuzinho em mãos ou na cabeça.
Insisto que vá Visitar-me, afinal, o que vale são os elos dos sorrisos.

www.josemariacosta.com

blogtalas disse...

Original até na intensão. Digo, originalíssimo.

José María Souza Costa disse...

Caro, Luiz Filho de Oliveira
Não é nem em retribuição ( rsrsrs0. Mas, corrigindo um equivoco, estou lhe seguindo pelo blogue. Estou cá, eu e o meu chapeuzinho inseparavel, não só no mundo virtual.Mas, no real também.
Tenha um resto de domingo agradavel
Sorete e
Felicidades, sempre

Luiz Filho de Oliveira disse...

Vc é sempre bem-vindo, José.


Certamente, João.

manuel afonso disse...

Agradeço a visita, e sempre que puder virei aqui enriquecer-me.

AFRICA EM POESIA disse...

Luis
adorei passar aqui
temos muito em comum
uma das grandes paixões o Sporting mesmo...
mas a pintura e escrita tbm...depois...as colecções mas a de dedais de louça em 1º lugar e do Brasil nem um tenho.
vamos conversando um beijinho





PRADO VERDE

Como o prado é verde...
Verde com salpicos aqui e ali...

Mas o todo é sempre verde...
E o olhar corre toda a extensão...
E fico a ver o verde o tal verde...
Que nos dá liberdade...
Que nos mostra esperança...
Que nos deixa que o infinito seja verde
E deixa que os olhos continuem...
A olhar e continuem a amar!...

LILI LARANJO

Luiz Filho de Oliveira disse...

Manuel, seja bem-vindo.

Lili, desse jeito, vejo que teremos muita coisa para escrevermos juntos.

Anônimo disse...

imoderável, eu sou mesmo imoderável... adoro um autor inventivo... AA Anarquista Anônimo

Anônimo disse...

Raulzito não é um bom exemplo a ser seguido, mesmo (ou principalmente) para Rebeldades sem calças pois ele comia na mão da RGT, o que, por si só, já punha calças no 'rebelde'...

Anônimo disse...

Puxa, só elogios!
Nenhuma opinião divergente, nem uma vozinha dissonante nesse imenso mar-coro de contentes. Parabéns!
Se ainda não é a unanimidade(?), está quase lá.
Mas cuidado: só elogios não fazem melhor um poeta bom (que o prezado é). Eles podem te acostumar mal.
Não quero que desconfie do próprio taco mas não se conforme com menos do que pode fazer. Afinal, a poesia exige mais do que 'a penas' um bom poeta ou bons poemas. Ela é a procura incessante, talvez (muitas vezes) vã, do melhor que o ser humano pode fazer. E ser. Crátilo.

Luiz Filho de Oliveira disse...

Sim, anônimo, sei que Raulzito e tantos outros q foram e são bons em sua arte não são os melhores exemplos a ser seguidos na "vida real", e deles "só quero saber do q pode dar certo".

Não, cético Crátilo, qualquer q seja o elogio não vai m inflar, como ocorreu ao sapo da fábula; pode deixar, q meu "filtro de elogios" ainda está na garantia.

AFRICA EM POESIA disse...

Adorei..
não percas a vontade de dizer o que sentes e lembrar o que está errado.
um beijo grande e obrigada pela visita