Há dois anos, resolvi participar de mais um concurso de poesia (percurso que deve seguir todo poeta novo a fim de que seja (re)conhecido), intitulado “Soneto para Teresina”, promovido pela TV Cidade Verde, com o patrocínio de uma loja de equipamentos de informática; as duas, aqui, de Teresina, no Piauí. Mas, como um poeta de final do século XX e início do XXI, que se-diz comprometido com a poética moderno-contemporânea, pôde participar desse evento, se o soneto, como o poema-símbolo das tendências clássicas, sempre foi rechaçado por esses poetas que frequentam tal poética?
Eu somente vou responder a uma pergunta dessas porque fui eu mesmo quem ma-fez e porque vocês, leitores, sabem que isso é estratégia de início de texto. Por isso, vamos a uma conversa afiada ao invés de a uma fiada. Pois bem, resolvi entrar na disputa (ainda irei à Daspu) porque houve algumas confluências de fatos, os quais me-impeliram ao trabalho. Nada de “mágico”, “profético” ou “enigmático”, que isso são bobagens; o que houve é que, desde a universidade, resolvi acatar a sugestão de participar de concursos para que pudesse ter o meu trabalho avaliado por “especialistas”, dada por Afonso Romano de Sant’ana, em seu livro Como Fazer Literatura. Até aí, nada de mais, pois, mesmo que em certos casos (isso é errado!), o júri e os jurados privilegiem os seus próprios critérios, essa é, sim, a principal estrada que devem seguir os “estagiários” em poesia. Assim foi, e fui.
Todavia, a entrada, de fato, nessa via de mão dupla (leitor & leitura), na data a que me-referi antes, agosto de 2008, deu-se, sobretudo, pelo fato de eu, por esses dias, ter lido o poema “Todos cantam sua terra, também vou cantar a minha”, de Torquato Neto, cujo título são versos do poema “Minha Terra”, de Casimiro de Abreu. Que belezura de palavra Torquato cria logo no início do texto: Tristeresina. Quando vi-a, não foi difícil pegar a estrada pros rumos da Bahia: Salvador me-saudou com aquele belo soneto do Boca do Inferno, Gregório de Matos e Guerra, “Triste Bahia! Oh quão dessemelhante”. A ideia começou a se-balançar (balouçar nunca mais?) no meu trapézio machadiano. E foi-se cortando a carne do ar, soando as palavras de um velhoutro soneto, o meu.
Incrível: eu estava escrevendo um soneto. Então me-veio à mente a máxima máxima de minha existência poética (e mesmo, de vida): não seguir totalmente a seo Ninga. Compreendem? A seo Ninguém! Por que não, um soneto? Ainda mais que a sua composição exige um tanto de paciência e perícia. Assim me-pus a fazer, a buscar a rima, a contar as sílabas, a trabalhar o tento. Saiu bonzinho. Tanto, que fui classificado em terceiro lugar no concurso. Que maravilha. Fiquei atrás de Zé Rodrigues (autor da famosíssima, pelo menos em nossa capital, música “Teresina”, juntamente com o maestro Aurélio Melo) e do poeta Hardi Filho, um proficiente sonetista piauiense, da Academia Piauiense de Letras, classificados, respectivamente, em primeiro e segundo lugares. Eu fui terceiro. Nada mal, para um iniciante.
Apois, o que me-deixou um tanto confiante era que o júri do concurso iria ser presidido por Cineas Santos, um decano da nossa literatura, tanto na produção de literatura quanto de eventos de literatura. Esta aí o Salão do Livro do Piauí (SALIPI) para comprovar sua competência (mesmo que ele já tenha dito de que foi chamado pelos idealizadores do salão, não se-pode negar que ele foi convidado porque é um dos nossos principais nomes na cultura deste estado). Não me-decepcionei, foi o que me-disse a minha classificação. E mais: nos bastidores, o ancioso (calma, o C é um trocadilho escroto, com o apelido que Cineas gosta de dar a si mesmo e que lhe-foi posto por algum desafeto, segundo disse) confessou-me secretamente que meu poema poderia ter sido classificado em primeiro e que somente não fez isso porque o texto era de tom satírico e não ficaria bem dar um prêmio, no aniversário da cidade, para um poema que falava mal dela própria. Não ficaria bem com o patrocinador e, sobretudo, com a TV (não sei se com o público).
Tudo bem, isso já era muito bom, já que o “plano A” era somente participar ao vivo do programa e fazer uma propaganda de minha poesia via satélite para todos os teresinenses e, por extensão, para todo o meu estado. Porém, apareceu este “plano B”: além do elogio do mestre Cineas, ainda consegui receber, como premiação, um computador; este, com que escrevo este texto e pelo qual o-posto na rede (sem trocadilho, nada de oposto!). Ai, que preguiça, Mário. Acho que vou para minha rede.Vou, paro. Mas, antes, o poema:
Eu somente vou responder a uma pergunta dessas porque fui eu mesmo quem ma-fez e porque vocês, leitores, sabem que isso é estratégia de início de texto. Por isso, vamos a uma conversa afiada ao invés de a uma fiada. Pois bem, resolvi entrar na disputa (ainda irei à Daspu) porque houve algumas confluências de fatos, os quais me-impeliram ao trabalho. Nada de “mágico”, “profético” ou “enigmático”, que isso são bobagens; o que houve é que, desde a universidade, resolvi acatar a sugestão de participar de concursos para que pudesse ter o meu trabalho avaliado por “especialistas”, dada por Afonso Romano de Sant’ana, em seu livro Como Fazer Literatura. Até aí, nada de mais, pois, mesmo que em certos casos (isso é errado!), o júri e os jurados privilegiem os seus próprios critérios, essa é, sim, a principal estrada que devem seguir os “estagiários” em poesia. Assim foi, e fui.
Todavia, a entrada, de fato, nessa via de mão dupla (leitor & leitura), na data a que me-referi antes, agosto de 2008, deu-se, sobretudo, pelo fato de eu, por esses dias, ter lido o poema “Todos cantam sua terra, também vou cantar a minha”, de Torquato Neto, cujo título são versos do poema “Minha Terra”, de Casimiro de Abreu. Que belezura de palavra Torquato cria logo no início do texto: Tristeresina. Quando vi-a, não foi difícil pegar a estrada pros rumos da Bahia: Salvador me-saudou com aquele belo soneto do Boca do Inferno, Gregório de Matos e Guerra, “Triste Bahia! Oh quão dessemelhante”. A ideia começou a se-balançar (balouçar nunca mais?) no meu trapézio machadiano. E foi-se cortando a carne do ar, soando as palavras de um velhoutro soneto, o meu.
Incrível: eu estava escrevendo um soneto. Então me-veio à mente a máxima máxima de minha existência poética (e mesmo, de vida): não seguir totalmente a seo Ninga. Compreendem? A seo Ninguém! Por que não, um soneto? Ainda mais que a sua composição exige um tanto de paciência e perícia. Assim me-pus a fazer, a buscar a rima, a contar as sílabas, a trabalhar o tento. Saiu bonzinho. Tanto, que fui classificado em terceiro lugar no concurso. Que maravilha. Fiquei atrás de Zé Rodrigues (autor da famosíssima, pelo menos em nossa capital, música “Teresina”, juntamente com o maestro Aurélio Melo) e do poeta Hardi Filho, um proficiente sonetista piauiense, da Academia Piauiense de Letras, classificados, respectivamente, em primeiro e segundo lugares. Eu fui terceiro. Nada mal, para um iniciante.
Apois, o que me-deixou um tanto confiante era que o júri do concurso iria ser presidido por Cineas Santos, um decano da nossa literatura, tanto na produção de literatura quanto de eventos de literatura. Esta aí o Salão do Livro do Piauí (SALIPI) para comprovar sua competência (mesmo que ele já tenha dito de que foi chamado pelos idealizadores do salão, não se-pode negar que ele foi convidado porque é um dos nossos principais nomes na cultura deste estado). Não me-decepcionei, foi o que me-disse a minha classificação. E mais: nos bastidores, o ancioso (calma, o C é um trocadilho escroto, com o apelido que Cineas gosta de dar a si mesmo e que lhe-foi posto por algum desafeto, segundo disse) confessou-me secretamente que meu poema poderia ter sido classificado em primeiro e que somente não fez isso porque o texto era de tom satírico e não ficaria bem dar um prêmio, no aniversário da cidade, para um poema que falava mal dela própria. Não ficaria bem com o patrocinador e, sobretudo, com a TV (não sei se com o público).
Tudo bem, isso já era muito bom, já que o “plano A” era somente participar ao vivo do programa e fazer uma propaganda de minha poesia via satélite para todos os teresinenses e, por extensão, para todo o meu estado. Porém, apareceu este “plano B”: além do elogio do mestre Cineas, ainda consegui receber, como premiação, um computador; este, com que escrevo este texto e pelo qual o-posto na rede (sem trocadilho, nada de oposto!). Ai, que preguiça, Mário. Acho que vou para minha rede.Vou, paro. Mas, antes, o poema:
reinscreve um poeta a seu passo a nova capital & a passada capitania de Piaguí*
tristeresina: um quê de semelhante
estás ao que era nosso antigo estado
(rico de nativos mortos por gados)
em este mote alheio & cambiante
se a ti tocou-te a máquina mercado
esse ouro que apaga muito brilhante
a nós todos aqui tem-nos-tratado
com os dous ff dum poema dantes
deste estado – a quem não deste por renques
as carnes como o-fez à gente ruda
de Bahia Pernambuco Minas (mortes!) –
há quem alegoricamente tente
fazer ainda uma vaca bojuda
para carnes & poemas de corte
(De Oeiras, Salvador, Ouro Preto, Recife a Teresina, em estados de Brasil.)
* A Cineas, homem com letras, de cimos Sãos & Santos.
7 comentários:
Que preguiça qual nada, homem! Levanta da rede! Põe a sua poesia no ar...
Beijos de felicidade e realizações pra você.
Relendo o Soneto,tão belo...vc deveria ter sido classificado em 1ºlugar!Vc é um Poeta centrado e muito culto. Parabéns!
Que lindo Soneto! Teresina merece um Soneto de alto nível como o q vc escreveu.
Que beleza! Ganhamos o prêmio de poder ler este soneto. Abraços. Jefferson.
Meu Caro filho,
de
Luiz Oliveira:
Você luz sem wc
nem livro nem besteira,
você é você,
e vencer,
dizenso não-sei-pra-que
não dizer o que não se diz
dizendo o quê.
Ai meu Deus que baboseira. Quero te dizer que você é maior dos que muitos pensam, poeta, tem
um futuro e um presente já com seus poemas tao inventivos. Vou comentar seus livros e te botar
na Literatura do Piauí, coisa que não precisa, pois você já está.
É DE MUITO BOM GOSTO LER LUIZFILHODEOLIVEIRA.
PARA-BENS DE TODOS E FELICIDADE GERAL DA NAÇÃO, DIGO AO POVO QUE VOC É poeta indo e voltando.
Abraço do tamanho da sua poesia
SEU ADMIRADOR
francisco miguel de moura
Meu caro Chico Miguel suas palavras são encorajadoras. Desculpe-me por estar dizendo isso somente agora, mas é que achei que tinha perdido esse seu comentário. Obrigado, poeta.
Parabéns pelo trabalho e que a cultura Piauiense ganhe cada vez mais versos&re-versos como este!
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