domingo, 31 de julho de 2016
terça-feira, 7 de junho de 2016
O PODER DA SÁTIRA NA POESIA DE LUIZ FILHO*
“Das bocadas infernéticas” (Penalux, 2016), terceiro livro do autor piauiense Luiz Filho de Oliveira, é um livro de poemas satíricos completamente mergulhado na pós-modernidade. Dividido em dois blocos: “Das bocadas” e “Infernéticas”, é uma obra um tanto irregular: a impressão que se tem é de que são dois livros em um único volume. Vale ressalvar aqui, no entanto, que Luiz Filho tem nos dois momentos poéticos uma energia em torno da poesia bastante forte, que transcende o hoje e o agora, embora seus poemas sejam relativos ao nosso dia a dia.
A edição do livro é bem cuidada: a capa sugestiva, e o projeto gráfico bastante cuidadoso, contribuem para que seja um objeto de arte palpável, sensível. Como canta Caetano: “Os livros são objetos transcendentes/ Mas podemos amá-los do amor táctil/ Que votamos aos maços de cigarro”. A divisão supramencionada do livro está também na diagramação: “Das bocadas” é impressa em uma fonte, e “Infernéticas”, em outra.
Em “Das bocadas”, a sátira é feita de tiradas sobre política, sexo e a própria poesia. Não faltam críticas a nenhum tipo caricato ou caricaturável, embora não sejam declinados nomes de pessoas ou grupos. A primeira metade do livro está inserida numa linha satírica que vem de Gregório de Matos até Juó Bananère. Aqui encontram-se um estilo versificador que transforma os pronomes “lhe” e “lhes” em “le” e “les”, suprimindo o “h”. Outro recurso são as desconcertantes junções de pronomes com verbos, como no trecho: “Pode o Poeta,/ a mar de poesias,/ amar o que le-faria/ um legítimo assassino/ de ficção tão atrevido,/ quais as bocas todas/ do satírico!” (“Arma, Poeta, a Boca de Infernos”).
Esse “le-faria” é um bom exemplo do toque pessoal do autor no campo da sátira: lê-se isso estranhamente, como se o autor fosse quase um iletrado, e talvez o objetivo seja tanto alcançar um novo patamar linguístico e lírico quanto fazer passar-se por ingênuo. Mas essas tiradas que causam estranhamento, que parecem não pertencer à nossa língua, faz com que nos detenhamos mais tempo em cada poema ou excerto de poema, o que faz redobrar a atenção e multiplicar o deleite da leitura.
Leiamos, a título de ilustração, o primeiro poema da sequência “Desbocada Poética das Bocadas a Poesia Infernética”:
“I. Postagem a poetastros ou estrelas metidos a donos da Poesia
Estazinha Poesia é o que
quiser, o que o-for: que redun-
dante-se cômica, divina,
confessional, se subjetiva
o lírico de eu-satíricos
na Rede, o escambau!
Nem mesmo um Poeta astro
ou essoutros sem verve (verbos fracos!)
Vão-se-meter nela, senão para poemaltratá-los.”
Aqui pode-se notar com clareza o estilo que o autor propõe ao seu eu-lírico, os “eu-satíricos”: além dos recursos estilísticos já mencionados, presentes neste poema, há ainda o uso de neologismo, a que o autor recorre bastante, e que faz de maneira muito feliz (“poemaltratá-los” é apenas um de diversos neologismos no livro, e um dos melhores).
Na primeira estrofe, recorre-se a Dante, o da “Divina Comédia”, o clássico, o moralista, até mesmo: “dante-se cômica, divina”. O que se desmonta em seguida: “ou essoutros sem verve (verbos fracos!)/ […]poemaltratá-los”.
Luiz Filho escreveu, em “Das bocadas”, dezenas de poemas de excelente calibre e de uma força satírica não vista há muito. Por outro lado, o segundo bloco do livro, “Infernéticas”, perde a força pela comparação: enquanto em “Das bocadas” a verborragia frenética da sátira inteligente abunda, em “Infernéticas” o estilo fraqueja. Vale, porém, dizer que, afinal, “Infernéticas” não é um conjunto malsucedido de poemas, muito pelo contrário. Apenas na comparação com a primeira parte mostra-se um tanto menor poeticamente.
Aqui, o autor tem como tema principal a cibernética infernal dos nossos dias: infernéticas, portanto. Poemas que chegam a ser crônicas versificadas da atualidade, como em “D. S. T. (Desenfeitoda Sua Testa)”:
“Com dilomas acumulados,
um poeta clama em clamídias sociais
sem a gonorraiva que o afeta:
depois que trepou nela o pálido cara,
ela descaralhou pequenas feridas
nos órgãos poetais que ele poeta,
e a chífilis enfeitou sua testa!”
Parece que a sátira e a pornografia estão voltando a ser temas de livros de poesias. Podemos mencionar aqui outro autor satírico: Manoel Herzog, premiado com um Jabuti por “A comédia de Alissia Bloom” (Patuá, 2014).
Quem sabe, agora, este autor piauiense sobre o qual nos debruçamos, com suas investidas tirânicas contra o bom-mocismo, alcance também um prêmio que mereça. Independente disso, Luiz Filho já inscreveu seu nome como poeta, dos melhores, da verve satírica nacional.
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*Texto da escritora paulista Vivian de Moraes, escrito originalmente no sítio:
http://www.literaturabr.com/
quinta-feira, 26 de maio de 2016
LUIZ FILHO DE OLIVEIRA: POESIA, SÁTIRA E OS ENIGMAS DA LINGUAGEM
Cunha e Silva Filho
Terceiro
livro de poesia do autor piauiense, antes precedido de dois outros, BardoAmar (Teresina:
Edição do Autor, 2003.), 2º lugar no Prêmio Torquato Neto de Poesia da
Fundação Cultural do Piauí, e Onde Humano (Teresina:
Editora Nova Aliança, 2009), os quais lhe renderiam visibilidade da
crítica em seu Estado natal, Das bocadas infernéticas (Guaratinguetá:
Editora Penalux, 2016.) surpreende o leitor, seja o especialista em
literatura, seja o leitor entusiasta de poesia, pelo arrojo de,
desta vez, ainda mais radicalizar seu perfil poético
de escrever poesia provocando perplexidades e
indagações pelo inusitado de versos ferinos que, no geral,
prestam tributo à glória da mordacidade de
Gregório de Matos, o conhecido “Boca do inferno” do
Barroco brasileiro.
Não
pense o leitor que sua radicalidade formal se restringe apenas à
poesia satírica por mera imitação de temas de Gregório de
Matos (1636-1696). Este lhe serve como referência principal e por
razões de admiração, porquanto outros autores da poesia ou fora da poesia
complementam uma espécie de linhagem de autores com os quais estabelece diálogos fecundos e por
afinidades de visão poética ou do mundo em que está visceralmente inserido.
Isso se
comprova explicitamente na primeira parte de título desabrido, Das
Bocadas, desse novo livro, através do “Envite aos vates assinalados a
chiste abaixo assinado”, e aqui despontam as citações, primeiro, a
preferida, do mencionado Gregório de Matos, seguido de Tomás Antonio Gonzaga
(1744-1810), Bernardo Guimarães (1825-1884), Luiz Gama (1830-1882), Juó
Bananére (1892-1933), Oswald de Andrade (1890-1954), do humorista Millôr
Fernandes (1923-2012), do cronista Luís Veríssimo, dos poetas Chacal e Glauco Mattoso, este também prosador e, se não me engano,
dicionarista de palavrões. No entanto, ao longo do livro, outras vozes, Mário
de Andrade (1893-1945), Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), Fernando Pessoa
(1888-1935), Da Costa e Silva (1885-1950), Bocage (1765-1805) se agregam
com suas ressonâncias, por vezes mal percebidas pelo leitor desatento.
O livro está dividido em duas partes: a primeira, já nomeada, Das Bocadas, e a segunda, Infernéticas. Neste último vocábulo, ainda lança mão de um neologismo formado, por processo
de aglutinação: inferno + internet + sufixo adjetival (-ica), por derivação
imprópria, ou seja, num só vocábulo alia dois processos de formação de palavra.
Acredito que essa tendência no poeta é recorrente e variada no
tocante ao prazer lúdico com a manipulação de natureza libertária com a língua.
Luiz Filho,
a meu ver, intencionalmente divide o título da obra em dois grandes
conjuntos de poemas, quiçá com a intenção, de parecer “quebrar” a
suposta ou aparente unidade temática do livro, numa atitude de
composição muito do seu estilo poético, que é desarticular para, em
seguida, articular. Tal expediente técnico nele aparece nas duas obras anteriores, já
citadas. No volume deste terceiro livro, ao todo são 100 poemas: 46, na primeira parte, e 54, na
segunda. Graficamente, ele apresenta na primeira parte todos os
poemas em forma de letra escrita à mão, ao passo que, na segunda, os
poemas aparecem em letras impressas normalmente. A opção pela forma gráfica
de escrita à mão já aparece no primeiro livro, BardoAmar, mas não a
emprega no segundo livro, Onde Humano. De qualquer sorte, os
aspectos grafemáticos percorrem os poemas do autor escritos até o
presente e, portanto, julgo constituírem parte significativa
da iconicidade inerente à poesia de Luiz Filho.
O que
ousaria afirmar é que esse poeta parece sentir o gosto de desviar-se
dos cânones do verso tradicional no uso do espaço da folha em branco.
Sua predisposição é no sentido de se afastar dos parâmetros convencionais, busca
a fuga a outros esquemas tanto na disposição de exibir na folha branca o
lado figurativo dos poemas quanto se deleita em acrescer aos poemas,
além dos títulos, à feição de alguns autores do passado, não
títulos breves, mas rubricas, no sentido de dramaturgia, de cunho
narrativo, expediente utilizados por ficcionistas e alguns poetas, inclusive
Gregório de Matos. Isso imprime, em alguns poemas, uma feição de
narrativa, de algum relato no espaço da poesia.
Esse desvio
de convenções datadas, no plano textual se repete como estratégia
discursiva, semântica, vocabular e frasal. Quer dizer, é nos planos
morfossintático-estilísticos que os desvios aos padrões mais se agudizam de tal
sorte que enunciado e enunciação sofrem rupturas, pondo em choque o leitor em
luta com o texto e sua opacidade, o texto e sua capacidade de desestabilizar
hábitos de formas menos complexas de enfrentar a leitura de poemas.
Em outros termos, o texto
passa a ser fonte de proposital “estranhamento,” amplamente adotado
pelo Modernismo brasileiro e por outros modos de fazer
poesia vanguardista (servindo de exemplo o poeta Oswald de Andrade
nessa fase de ruptura com os movimentos poéticos do passado), procedimento
operado pelo poeta que a crítica vê como um
traço primordial da modernidade poética: desautomatizar os
hábitos já consolidados do leitor que ainda procura na
poesia a emoção, o halo sentimental ou romântico, a
subjetividade simétrica ao lidar com os temas da tradição
literária - aliado à linearidade do verso tradicional anterior ao
Simbolismo.
Enquanto
em BardoAmar radicaliza, reitero, os recursos visuais e
grafemáticos, assim como as desarticulações e a imprevisibilidade da ordem
morfossintática, Onde Humano se comporta com menos ousadias
enquanto subversões dos recursos espácio-grafemáticos e, nesse aspecto, está
mais aproximado de Das Bocadas Infernéticas – cujo epicentro temático é
seu caráter satírico. Por outro lado, na tematização, o
repertório poético ganha mais um componente, que é o de trazer
sobretudo para a segunda parte do livro os temas e situações da linguagem das
mídias sociais e é nesse espaço do virtual que o livro se realiza com toda
a sua energia renovadora, podendo-se dizer que o universo da
comunicação pela internet se constitui em um dos temas da obra, como se
fora um personagem no campo ficcional.
Uma vez, o
autor me confidenciara que um dos objetivos de sua poesia
é divertir, o que me leva definir essa atitude artística como um trabalho
lúdico de fazer poesia em todas as suas possíveis modulações.
Entretanto, se efetivamente não se pode negar o fato de que em
grande parte de seus poemas podemos identificar essa dimensão do
ludismo, do jogo de palavras ou mesmo de composição de estruturas frasais,
há, por detrás dessa técnica ou estratégia, uma profunda seriedade
em tratar de questões sociais pelo viés de uma crítica
contra as mazelas, as injustiças e os destinos do
comportamento humano.
Em outras
palavras, a vertente profundamente social de seus versos acompanha
a sua produção desde a primeiro livro e só não chega à panfletagem porque,
acima do lado social crítico há a primazia do estético, da assimilação da
crítica social pelos mecanismos estéticos bem identificados pela elevada
importância que atribui ao gênero que cultiva. Reitero que, em primeiro
lugar, no poeta Luiz Filho existe visceralmente o
compromisso estético com a linguagem.
Releva um
pormenor que não se pode jamais deixar de levar em consideração
ao analisar a poesia de Luiz Filho: o funcionamento criterioso
da linguagem como forma de construção de seus poemas já
muito bem identificado pelos títulos, tanto na primeira parte do livro
quanto na segunda, nos quais a função metalinguística nele se
mantém sempre presente, o que me remete, em certo sentido, por
exemplo, à justaposição de palavras formando frases, ocorrente no poeta
norte-americano E. E. Cummings (1894-1962)). Neste sentido, cabe um exemplo de
Luiz Filho no poema de título #LiçãoDeLínguasEmLesbos, do qual citarei
apenas uma parte inicial:
#EmPênisSêmenDuro
#EEsseSeuPúbisEuchulo-O
#EBeijo-ONumLugarComum
#EEssesSeusLábiosEngulo-Os
( ...)
Com referência a modos
renovadores e experimentalistas de fatura poética, no Brasil, poderia pensar em
Manuel Bandeira (1886-1968) pela versatilidade de
transformar temas apóeticos em grandeza poética. E, em certos modos
de inventividade, em Da Costa e Silva, no poema “À margem de um pergaminho”
e no conjunto de poemas de título “Poemas à maneira de”.
Na segunda parte
do livro, o núcleo temático imbrica temas socais e situações da
experiência da comunicação virtual, cuja base é o mundo cibernético, que,
embora fazendo parte da vida do autor, é ao mesmo tempo
material para fazer dele objeto de crítica desabrida. Por isso, usa e
abusa da terminologia virtual. Há uma profusão de termos da
informática percorrendo praticamente a obra inteira. Ao acaso, veja-se o poema “Assalto
à mão teclada” (p.93) percorrendo toda a extensão da segunda parte. Esse vetor
tem que ser levado em alta conta na interpretação de sua poética tipificada
no livro:
Com a tela em
coberta toda
por um tecido de
códigos,
cobrindo o rosto de
propósito,
um hacker le-assaltou
agora,
há segundos atrás
num chat,
quando le-apontou
um mouse velho
e levou do bolso do
poeta o quanto
ele teclou texto em
sua conta.
- Copylantra!
Os temas atingem
uma multiplicidade de segmentos da sociedade, sobretudo urbana:
políticos, questão indígena, capitalismo, indivíduos desonestos,
meio-ambiente, sexo, amor virtual, miséria, fome, publicidade
enganosa, redes sociais, a poética, a linguagem etc. Em síntese, Luiz
Filho parece querer abarcar todos cantos do espaço sem fronteiras e os seus
versos cáusticos pululam aqui e ali numa acumulação de
nomes literários, de figuras universais, de lugares e de
situações múltiplas da existência.
Não é numa simples
resenha o lugar ideal de abarcar os diversos
segmentos linguísticos e temáticos do livro, todo ele ubíquo,
multifocal, literariamente atemporal, combinando modos de vida e de
pensar plurais, num exercício de composição poemática que, do solene e do
dessacralizado, da abundância escatológica sem arestas nem preconceitos,
sem receios de melindrar as hipocrisias das convenções sócias oportunistas
para uso externo, escolhe sua matéria poética feita do bem e do
mal, do feio do belo, da comédia e da tragédia.
Recolhendo a
diversidade da condição humana até onde for possível e mediante
recursos vários, até não se furtando ao trabalho de aproveitamento de tudo que,
em termos tradicionais, não é considerado digno de matéria poética, está
certo de que, no terreno da arte, não pode haver um discurso único, mas vias
multifárias de transformar a vida e tudo que possa haver no mundo em
arte, anulando as interdições como formas de liberdade de linguagem e
formas desafiadoras do lugar-comum.
Se sofremos
com o excesso de referências e da retórica no
estilo do poeta, levando-o a um hermetismo que pode afastar leitores
menos afeitos ao fazer poético da pós-modernidade, ganhamos igualmente em
termos de novas maneiras de manifestação poética da linguagem e pela
linguagem. Tanta consciência o autor tem dessa quebra de normatividade de elaboração
poética (trocadilhos, inversões sintagmáticas e verdadeiros torneios frasais
que se aproximam do nonsense, dos jogos engenhosos de
frases, provérbios etc ), que, no segundo livro, Onde Humano,
ele oferece ao leitor, no final do livro, “notas numeradas” e “notas avulsas”,
onde se elucidam alusões a autores, expressões linguísticas lexicais antigas e
modernas e regionalismos brasileiros. Já em Das Bocadas Infernéticas, ele
deixa a tarefa de garimpagem e de decifrações ao leitor avisado
ou desavisado.
É bem
provável que, mais tarde, passada essa fase experimentalista, o poeta,
como o fez um Ferreira Gullar na fase inicial de sua poesia, retome
o lado mais adequado ao lirismo da poesia do futuro, com maior
discursividade embora não se desfazendo de todo do traço da imprevisibilidade que
é fruir o poético ainda que atravessado pela apreensão da
não-totalidade do discurso poético de nossos dias, cada vez mais tão
pleno de referências alusivas - já há tempos profetizadas
pelo crítico I. A. Richards (1893-1979) - e, muitas vezes, impenetráveis.
Quiçá seja isso o que torna a poesia um gênero permanente, campo
privilegiado da sensibilidade e da beleza.
sábado, 2 de abril de 2016
quinta-feira, 24 de março de 2016
É SODA!
Fake in Brazil
Há água na água de coco engarrafada;
milho, no café e na cerveja de casa;
no leite, não só água, soda cáustica!
As bebidas (do uísque à cachaça!), batizadas;
as camisas (muitas marcas!), piratas;
a justiça, a política, de-nelson, de nada.
Há povo há muito tempo enganado
por muitas gentes e anos de trapaça;
é o que por muitos aquis ainda grassa.
(LUIZ FILHO DE OLIVEIRA. Das Bocadas Infernéticas. Editora Penalux: Guaratinguetá, 2016.)
segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016
domingo, 31 de janeiro de 2016
Chupa, Poeta!
Se
a boca age para beijar bocetas,
ela
foge dos antigos à tradição,
Poeta,
pois chupar esses conos não
era
o que tu gozavas como petas!
Como
o-sabes, tua foda lisboeta,
depois
de passares pelo Nicola,
só
ocorreu com disparos da pistola
que
tu apontavas pra uma greta!
Crê-se
que, nas fodais recreações
das
antigas, talvez fosse algum nojo
que
afastasse de conos os manganões,
como
tu; já beijar clitóris, hoje,
Elmano,
não acumula senões,
senão
fazer à xana orgasmo em gozo!
(LUIZ FILHO DE OLIVEIRA, Das Bocadas Infernéticas, Guaratinguetá: Editora Penalux, 2016.)
___________________________________________
*A Glauco, o desarauto da poesia fescenina no Brasil urbano, litorâneo & Mattoso.
*A Glauco, o desarauto da poesia fescenina no Brasil urbano, litorâneo & Mattoso.
quinta-feira, 14 de janeiro de 2016
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