I
um Piaga do mar doce arma seta
dispara por um Poeta
esta tribo(dos sete terreiros do rio)
(num espaço do presente) é estado de riso
para alguns indivíduos da nação (ô povo pobre!)
entanto ela ainda continua rindo (risos)
anda primo humano brasílico (milenar nativo)
como gravado nas pedras (de linhagem... esses livros)
e por tal vida (vinda grande nação Tabajara!)
deixa-se vestígios nas telas desta terra (vivo grafito)
para firmar o seu local universal (esse mundo de sítios)
(Bem daqui, de
Piaguí... e daí?)
II
onde é duro ver ou vir a  
o terreiro do casebre
dá a luz do dia
a crianças nuas
brincando de ambulantes
vendedores de fruta ou verdura
não de bugigangas de Taiwan ou China:
olha o tomate! olha a cebola! olha a uva!
à noite suja em redes limpas do digno 
dormem o sono das injustiças tranquilas
depois crescidas na lida de cada dia
a manhã les-desenha como hino
outro novo pregão antigo 
de infante miséria na vila
(Numa Terra carente
de Justiça.)
III
pelos tetos ou
sem-teto que não têm milho nem feijão sem arroz: essas cruas vias
ao nativo que
teve seu milho
passado adiante
bem comerciante
em lata conservado
soro caseiro investimento
em supermarcantes mercados
– a esse nosso primo pai nativo –  
este grito líquido sem o lucro devido:
se rumina pois o poeta o tachar bom
o milho & lambe depois os beiços rindo
comido todo o amido como cliente do produto
ele sente porém um desgosto dos milhões (males!)
a morrer de fome em face de humanidade sem migalhas
em frente do milharal de rango (aos milhares!)
a haver no mundo-comida dos melhores
e este poema (comido!) não 
enche a barriga de seo ninga!
(Onde as mãos não
aram; palavram.)
IV
nascente em curso de morte
desmatada*
aguazul
            plic!
               ploc!
                bate
                     ndo 
                     es
                    cor
                      
regando
                     
planta e
                   
dança  e
                   pedra
                os peixes
                sr.
caramujo e
                outras
espécies e vem 
                  um
barco-folha ambiente
                   em meio
ao transparente 
                   
líquido num veio dessa 
                   mata
virgem –  e vivem...
              ...
todavia o enlatado
                   cano
esgoto surje e
                
engarrafada a morte
desmata e                                 vaza
              às taças das
calhas
           em que o
peixe-barco 
         – nau trágica –
     navega outro inferno:
e a água 
foi suja de humanos seres urbanos
(Em Teresina, fluindo até São Paulo; antes, passando por Minas.)
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* A Ana Rosa, uma mestra minha, com quem estudei em espaço de Dias.
V
salve concreto essa selva
humana
são Paulos
      Joões
ou  Zés
             e                     vão
                         
e        quase não
vêm... 
veem?
navegam noutros navios negreiros... não?
se ainda a caminho do que
não estaca a obra concreta armada
de novo esses homens-chico (não chiques)
sob o sol nada novo da ficção dos edifícios
ajudam com outro engenho a construir
esta ação capital expressa em luxo de signos
para o avesso do lucro de extensas listas
rol da primeira avenida
a dirigir a vida indigente
a digeri-la a preço de custo
sem tempo pro sono dos injustiços
(Duma concreta São
Paulo até verde Teresina.)
V
onde humano contribui para uma escrita poesia terrena
no bairro Primavera... algum cidadão ágrafo
já em Bagdá... atiradores por elite contra os livros
contudo na Georgia ianque... 
muitas mortes negras ontem
na Inglaterra sherlockiana... vítimas estrangeiras por engano
pois nas Áfricas famintas... crianças raptadas para pegar das
armas
mastambém no Ocidente doente... desenganados contra o sistema
no fim do mundo... o nosso humano estar
posto na Lua... o olho rico da tecnologia
enquanto na Terra... tantos ainda de fome
(Neste planeta, a
olhar pras nossas terras.)

 
