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Nessa
sexta-feira (29/07), em Recife, a formalização do Partido Pirata do Brasil
(PPBr), na Campus Party, me-fez lembrar Raulzito em sua música “Só pra variar”,
em que o maluco dizia: “É que eu vou fundar mais um partido também”, em tom
sarcástico e destilado em ironia contra o sistema político brasileiro no início
da década de 1990, logo após o fim da ditadura militar. Mas fique calmo, Zeca,
que eu não vou pedir pra tocar Raul, não. Falei dessa música do álbum “Abre-te,
sésamo” (1993), Baleiro, pra contrapor com a seriedade que é o movimento em
torno da causa do “software livre”, surgido a partir da criação do Partido
Pirata na Suécia, em 2006, por Rick Falkvinge.
Não
que a sátira de Raul não fosse bem-vinda nos idos de 90 quando o Brasil estava
se-redemocratizando, não. Foi importante, uma reflexão, mas é que uma atitude
de criar um partido político para lutar a favor de algo que mexe com grandes
grupos empresariais (lá vêm em eco as rimas!) mundiais é mais, é ação, e séria!
Escrevo isso porque, a princípio, o nome e o logotipo do partido (sem falar dos
integrantes!) podem passar a ideia de que é “coisa de adolescente internético”,
de “sem-noção” (essa atitude de descaracterizar a seriedade dessa empresa
política fica clara que é a primeira dos contrários a isso!), quando, de fato,
trata-se de direitos fundamentais ao cidadão, como o software livre, a inclusão
digital e a realização de políticas públicas colaborativas. Epopeia grandiosa,
essa que os Piratas estão fazendo pelo mundo. Da Suécia navegou (e leiam que
esse termo, aqui, não é ambíguo, é metafórico!) pra Alemanha, Islândia,
Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Holanda; e navegou a América:
Argentina, Estados Unidos, Peru, Chile. Atracou no Brasil desde 2007.
Apesar
de o movimento já possuir os documentos para informar legalmente a criação do
partido ao Supremo Tribunal Eleitoral (TSE), ainda está coletando assinaturas e
doações para a concretização dessa "associação voluntária de cidadãos que
se propõem a lutar pela proteção dos direitos humanos, por liberdade de
expressão, pelo direito civil à privacidade das informações em todos os
suportes e meios de transmissão e armazenamento, pela liberdade de aquisição e
de compartilhamento de conhecimento e tecnologias, incluindo transformações
políticas e sociais, institucionais, econômicas, jurídicas e culturais
destinadas a garantir a propagação da informação de forma livre e sem impedimentos,
com o objetivo de colaborar na construção e desenvolvimento de um Estado
Democrático de Direito mais transparente e justo". Aqueles que quiserem
colaborar devem acessar http://www.partidopirata.org/doacoes.html
e clicar com os Piratas.
Não
sei se há prazo para que o registro do partido no Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) possibilite a candidatura já na eleição deste ano. Não sei. Mas me-deixa
muito feliz essa possibilidade do clichê, nova mente: “sangue novo na
política”. É, chamada para discutir, em primeiro plano, a “internet livre”, a
juventude poderá participar das decisões políticas de fato, quebrando outro
lugar-comum: o de que “jovem não gosta de política”. Depois, é chamar pra
discutir outros pontos, esses que os “velhos lobos” da política brasileira não
conseguem resolver. Vejamos o exemplo da sueca Ellen Söderberg, 18 anos, que
se-candidatou este ano pelo Partido Pirata sueco a uma cadeira no Parlamento
Europeu, na eleição ocorrida no início deste mês, mas que não conseguiu fazer
com que o Pirate Party repetisse os 7% de votação da última eleição, quando
havia eleito dois deputados, Christian Engström e Amelia Andersdotter.
Como,
em nosso país, o cidadão pode tirar o seu título eleitoral a partir dos 16
anos; então, o Partido Pirata do Brasil (PPBr) tem uma excelente chance de realizar
uma campanha que possa, sim, concretizar o início da fala de Rick Falkvinge de
que “o Brasil tem a habilidade e a capacidade para dar um golpe nas economias
dominantes atuais”. E mais: não somente um golpe desses, mas também um golpe
nessa “politicaca” brasileira, matando esses “lobos do povo”. Sim, pois já
estamos cheios de “jovens filhos de políticos”, de Fulano Júnior, de Sicrano Neto,
de velhos truques de raposas velhas. Precisamos dessa “impessoalidade” da
internet, de pessoas que sejam escolhidas, não por apadrinhamentos ou conchavos
mensalônicos, não. Queremos os jovens de 16 anos para que possam aprender a
fazer uma política de pirata, só pra variar. É preciso iniciar essa epopeia
moderna-pós de reestruturar nosso quadro político. Tudo são possibilidades.
Porisso,
o secretário-geral do PPBr, Alexssandro Albuquerque “Bauer” precisa iniciar uma
campanha desse naipe para realmente fazer a diferença no Brasil, fazendo com
que os jovens de 16 anos possam eleger representantes que não sejam
patrocinados por grupos políticos corruptos (que é o que não falta neste
país!). Isso, só pra variar, também, o tom deste poema:
OSPB
(Organização Sem-vergonhal do
Político Brasileiro)
Politicacas
cloacam do Brasil
a Magna Carta.
Polititicas,
à força, forjam
as injustiças.
Politicacos,
inteirados, quebram
os caixas.