quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

A África não é fraca: castigará os crimes dos agentes públicos que agem em nome próprio


            O poema a seguir teve sua primeira escritura na década de 90 do século passado; seu tema foi motivado por uma entrevista de um carioca a uma rede de TV brasileira em que se-queixava da situação vivida por ele, como voluntário da ONU, em Ruanda. Esse texto é, portanto, mais um “poema tirado de uma notícia de jornal”.
            A bandeira que hasteio nele, no entanto, não é somente a de que o continente africano, espoliado pelos europeus, tem direito a uma reparação, sobretudo financeira, de países  como França, Inglaterra e Portugal, principalmente, por conta das suas Coroas. Nada mais honesto; pois, se esses países o que certamente buscaram na África foi o lucro (mesmo que fosse traficando gente!); então, que paguem a conta do que gastaram e desgastaram no continente africano.
            Mas, não; no meu poema, eu navio (quem não navia?) a bandeira hasteada que também denuncia uma outra parte (podre, pode?): alguns países africanos ainda não conseguiram dar cabo às guerras civis, esses carniferíssimos combates entre etnias, nem à corrupção na administração pública, essa compensável burla entre os crimes dos burocratas.  
             Porisso, Quanto a esse segundo caso, o de países que “pularam a primeira fase”, a do etnocídio, e instituíram um “governo democrático” (para deixarmos ainda mais de lado a questão da “ajuda dos países ricos”), há que se-trabalhar a ética da solidariedade entre os povos, visto-ouvido-lido que é isso o preciso para cada nação ancorar em cais tranquilo. 
              Naveguemos, pois, o texto. Teste o poema:

           
onde se-reporta a um fato refugiado em dois campos na África


Quibumba um
Quibumba dois
Ruanda... uh!
vala comum

sobre a nutrição
de seus protegidos
pesam os esforços
das forças da ONU

mas o voluntário
em tom brasileiro
– fala entrevistada
mastigando um samba –

pedindo arrego
cansado de fome
de vergonha & homens
quer vir pro Leblon

bem ali ao lado                                              
da Farmácia Piauí                                            
tomar um chopinho                                        
somente unzinhos                

com fome de bola
driblando as Áfricas
e as suas cóleras
que tanto assolam

mas bem mais cruéis
tantos governantes
nem sequer as-olham
porque não importam

e isso que o repórter
diz ali-outrora
não é nada novo
pras fomes no solo

sujeitos pras leis
sujeitos do resto
sujeitos a tais pestes
por vias satélites

por desvios de verbas
incompetências guerras
negras Áfricas falecem
aos sons destes versos


    (De Teresina até o Rio, via Áfricas.)

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