domingo, 20 de dezembro de 2015

Infernética




#PoéticaGozadaEntrelinha

Mesmo que não le-orgasme,
o Poeta é um seu parceiro
no leito destas páginas.
                                                        
Foi bom pra você? Será?
Ele, menos cedo ou mais tarde,
quente, tocará nessas partes.

Excitando a verso vulgares
falares contra o jugo da canalha, ele
quer prazer ao leitor o que ora les-caralha.


(LUIZ FILHO DE OLIVEIRA. Das Bocadas Infernéticas. WEB: 2015.)





quinta-feira, 26 de novembro de 2015

É de lá esta lama



Foto: www.cristalvox.com.br./nov/ 2015.



A blogar uma carta satírica de Vila Rica a tristes Brasílias

Ó Cláudio, Tomás, Doroteu, Critilo,
minhas saudações, ainda que tardias!
Cumpre a mim refletir o mal vivido
nesta missiva, que ao povo analisa,
novamente, as cenas, se pôr digo
tal pena moderna-pós, o teclado,
no mal que não vem de Chile, de fato;
a glosar este mote, teclo à Rede e
“sei que o que les-escrevo são verdades
e que vêm muito bem ao nosso caso”.

As peripécias, as mesmas, caríssimos,
e, Poeta, com meu vício, teclo às páginas
dos grandes do país e dos pequenos
os casos do mal vivido, na intriga:
a putinha ainda dá a justo soldo e,
nua, ela continua bem vestida;
os religiosos (gozosos) devoram
homens, mulheres, meninos, meninas;
os governantes, públicos agentes,
comerciantes, policiam incestos,
que mantêm com a enxerga da justiça!

Também não poderiam ser diferentes
as consequências que provêm disso:
o avesso é, sim, excelente exemplo!
Por que não le-apresentar, pois tão caro?
É certo que nem todos têm os olhos
que um Tomé teve pra ver de perto:
o poder de milícia à Vila Rica
hoje é política, Critilo – sério! –,
já que a pizza dos deputados é
prato cheio prouto golpe, Senado!

Tudo caminha prum mesmo lugar;
se o dinheiro vem do cofre, bem sujo – 
“Tá branco, lavadas verdinhas banco:
governo é injustiça; um homem, dinheiro!” –
e, se a milícia corrupta hoje no país
coage o povo como antes, isso faz
parte desses negócios com os ternos.
De fato: a força força a porta, o muro!
Sempre foram aptos ao optar os corruptos
pelas finíssimas mãos fidindignas!

E mais: quais religiosos conseguem –
quem sabe a punhetas ou outras técnicas –
ficar sem fazer delícias com o sexo
pelo tempo que dizem amar seus deuses?
Aqui, padres, pastores, pais de santo
comem seu rebanho até em seus templos,
o que hoje é fácil de provar, exemplos
há tantos,  prova gravada: movimento!
Ah! mulheres, o de sempre: conventres
cobertos em catre santo, fazendo...

Que esses agentes, públicos, privados,
sagrados, laicos, reais, literários,
sejam o que devem ser neste espetáculo;
visto que este texto está a gravá-los
vestidos de improviso fora do ato.
Sabem os grandes, meus Cláudio e Tomás,
que o público da informática máquina,
não rechaça a chance de gravar,
seja de Paços, gabinetes, pastas,
tantas cenas de ilícitos cortadas.

Apois, não apostem se uma postagem
não pode escrevinhar a imagem sua,
ou se uma dessas câmeras não grava
seus truques por vídeos ou fotográficas
imagens vivas em voz telefônica,
“que dessas insolências que les-conto
não só pode ver quem mora no Chile”:
a Rede toda assiste, lê, responde.
Salve esses parentes da carta anônima,
que ora incitam tristes Brasílias de hoje!

(LUIZ FILHO DE OLIVEIRA. Das Bocadas Infernéticas. WEB: 2015.)


quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Poema postado como fotográfico







Não desçam mais, não-décimas; fiquem nesta!


Minha vovó-amiga, não vou vaiar a
vossa vida de poucas imagens – eu mesmo,
que a lápis este poema não mais escrevo –;
não, e não vou gravar, na minha máquina,
a fotografia desse passado ícone, mágico, pois
clico, hoje, que, nesses instantes rápidos, as
minhas virtuais amizades possuem postadas
mais fotos do que toda a vossa família cria
ser possível, num álbum, regisTRÁ-LHAS!

Vós sabíeis, vó, que a vossa memória era o palco,
onde essas vossas lembranças desfilavam, qual
o filme mágico que a vós foi apresentado; mas
em minha cerebralma está a vossa imagem gravada
com as películas que não mais são físicas, mas
que são mais duráveis do que essas amizades,
que não chegam a anos de vida, pois descartáveis
e pouco sensíveis a esses fatos passados, vó. Não vaio.
Eu vou vos-seguindo a vibe de estar convosco conectado.



(LUIZ FILHO DE OLIVEIRA)

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Anjos Erguidos

Foto: Luiz F. de Oliveira

JULGADO PECADO EM JOGO


Dois anjos terreais


auréolas de neon no chão escuro


após o céu por vias escusas


(Luiz Filho de Oliveira)



segunda-feira, 31 de agosto de 2015


Sabor frutodo macio

Espera; a pera
não é áspera,
é serena ela.


(Luiz Filho de Oliveira)


terça-feira, 11 de agosto de 2015

INFERNÉTICA POSTADA



O Grito. Edvard Munch

Assexuada postagem ao arroto do planeta

Aquele vagido tão agudo
não foi por nenhuma vagina,
tampouco por imperfeitas rimas
ou mesmo trocadilhos chulos,

que aquele quem que gritou tal queixume,
um Poeta, lastima das gentes deste terreal mundo
o soberboso ato do ser: o querer todo de tudo,
em outro sensaber (sem poder!) que diz muito!

(LUIZ FILHO DE OLIVEIRA. Das Bocadas Infernéticas. WEB: 2015.)


sexta-feira, 31 de julho de 2015

AMOR, NÃO ESTRANHA ESSE AMOR ESTRANHO!




Deslize das mãos pro ralo das telas do mundo

Vem cá, guria, vem! Vem cá!
Quem tu pensa que tu é, a dama?
Tá querendo guardar essas cenas pra quê?
Tá pensando que é o quê, uma santa?
Pois veja que este pau não é oco, não.
Ação, não hipocrisia, sua rainha!

Vocês viram a cara dela? De Amor estranho!
Ela fala em processos sem vergonha, hém?!
Estranho-ela: passiva não permissiva.
Entanto uma reputação em close, Sabonetinho,
não há como apagar das telas infernéticas!
Compartilhar é um vírus a cliques...
Para ela, tudo! Toda, ela nua,
fotografias proibidas de revista,
dinheiro suado, sobre a cama; sob
câmera: corpinho despido, minúscula.
Visto pelos Estados Unidos, baixinho,
essa película le-negou este rainha.

Que pobre fodido não faria a cena ilícita?
Os camelôs que vendem CDs piratas sabem disso.
Os hackers que vendem online também sabem disso.
Um quarto. Uma loura levada. Um menino.
Uma cama. Os seios, como graais gentios,
fitam do baixinho os lábios. Sucessonhos:
A loirinha seduzida pelo filme oportuníssimo.
A carreira le-sorri como uma puta d’esquina.
E esse gosto feito gozo cru (não, maduro),
mesmo que de ficção enfeitado,
foi gravado pelo cérebro, baixinho,
dentro da cabeça de um pênis-menino.
Que iniciação a sexo grande, gente!

Foi à missa ou foi mais filmar
o garotinho que foi assanhado?
Já que le-ensinaram isso antes,
lá foi ele (câmera!) à cama-cinema.
Quem é que não saiu bem na fita?
Quem não curte as cenas do filme?
Pra que se-arrenpender dessa arte?
Nada vai apagar os vídeos com
                              part
                                   ...ilhados.


domingo, 31 de maio de 2015

Joões (Manés?) que metralham a grana



Quadrilha, Brasil!

A Corte a fidalgos ofereceu privilégios,
os quais tiveram de submeter os da terra;
os que favoreciam ou prejudicavam comerciantes,
aqueles que venderam sua mãe e até gente,
que, escravizada, lutou contra uns coronéis,
que encabrestaram milhões de votos-vinténs,
os quais elegeram tantos políticos canalhas,
que sobreviveram desde a primeira república,
que gerou uma corruptora oligarquia agrária,
aquela que levou ao poder um grande Getúlio,
que foi eleito por meio de eleitoral corrupção,
que se-difundiu em Brasília desda fundação,
aquela que é a mãe de todos os esquemas,
que desapareceram nos porões da ditadura,
que ensinou essa tática a todos os partidos,
aqueles que têm os principais ministros,
que não podem esconder do presidente,

que, de-migué, não sabe de nada, inocente! 

terça-feira, 21 de abril de 2015

O POEMA SAMBA





Saudade


Saudade! Olhar de minha mãe rezando
e o pranto lento deslizando em fio.
Saudade! Amor da minha terra... O rio
cantigas de águas claras soluçando.

Noites de junho... O caboré com frio,
ao luar, sobre o arvoredo, piando, piando...
E, ao vento, as folhas lívidas cantando
a saudade imortal de um sol de estio.

Saudade! Asa de dor do pensamento!
Gemidos vãos de canaviais ao vento...
As mortalhas da névoa sobre a serra.

Saudade! O Parnaíba, Velho Monge,
as barbas brancas alongando e, ao longe,
o mugido dos bois da minha terra.

Da Costa e Silva

quinta-feira, 16 de abril de 2015

POEMAS DE VERDADE




Angu do Brasil

Num restaurante do Rio,
Perdigão não era marca
de produtos tipo frios,
era onde se-produzia
o “cheiro do queijo”,
o produto quente
da ditadura do Brasil.

Restaurante onde
se-preparavam os pratos
pra serem servidos frios,
em vendeta de milicos.

Com o apoio da TV Bobo,
atores, diretores e o dono
armaram seu teatrozinho
pra impressionar o público.
Ah, canalhas! E acreditou-se
que os atentados vinham
da esquerda, quando a direita
o rosto do povo socava!

Essa Guerra Suja não vai
ficar sem memória, não!
Não mais elétricos choques,
só choque de consciência...


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Casa da Morte

No Rio, em Petrópolis,
na Rua Arthur Barbosa,
num morro de Caxambu,
houve uma Casa da Morte.

Era uma casa bem disfarçada,
não tinha poema, só tinha bala;
ninguém saía vivo dela não,
porque, na Casa do alemão,
os brasileiros, além de presos,
eram torturados pelo desprezo
de “doutores” em operação militar
que estavam ali para os-matar
ou transformá-los em infiltrados
depois de muito bem trabalhados:
doutores Bruno, Nagib, Ubirajara,
Teixeira, César, Pepe e Diablo
ditavam a conveniência da Casa
contra as pessoas trucidadas.

Mas, não tarde, Inês não foi morta
e dos segredos da Casa abriu a porta!


(LUIZ FILHO DE OLIVEIRA. Das Bocadas Infernéticas. WEB: 2015.)


quarta-feira, 11 de março de 2015

É cachorro, mas é meu amigo...

Foto: Luiz Filho de Oliveira


Cantiga do Amigo do Cão

Espécimes de espécies,
nossa vassalagem amigosa
vem de cavernas, onde gravei
nossos nomes em paredes;
histórias  desenhadescritas
sobre ancestral papiro,
sobrenatural bem divino
o qual encantou, Amigo,
o rito do mar de signos,
estes, a cantar (grito-o!)
tal poeta pelo mundo
o amigável Canis Lupus,
um parente de Anúbis.

domingo, 1 de março de 2015

Desencontro. Poema de Graça Vilhena e música de Luiz Filho de Oliveira


DESENCONTRO
Colho os grãos de sal
dissolvidos em madrugadas
tua face teima
num espelho submerso
e não consigo compor
a matéria que me falta.
Vasculho as manhãs
e posso respirar-te
e sentir nos galos
os acordes de teu nome
no entanto queimo meu corpo
no metal das tardes
em tentativas azuis
e lilases desencantos.
Longe de ti que nunca encontrarei
os dias passam assustando
passarinhos nas calçadas.
(Graça Vilhena. "Em todo canto". Teresina: Corisco/IDB, 1997.)

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Influência crônica

Imagem: arquivo Google

PROCURA-SE

Procura-se aflitivamente pelas igrejas e botequins, e no recesso dos lares e nas gavetas dos escritórios, procura-se insistente e melancolicamente, procura-se comovida  e desesperadamente, e de todos os modos e com muitos outros advérbios de modo, procura-se junto a amigos judeus e árabes, e senhoras suspeitas e insuspeitas, sem distinção de credo nem de plástica, procura-se junto às estátuas e na areia da praia, e na noite de chuva e na manhã encharcada de luz, procura-se com as mãos, os olhos e o coração um pobre caderninho azul que tem escrita na capa a palavra "endereços" e dentro está todo sujo, rabiscado e velho.

Pondera-se que tal caderninho não tem valor para nenhuma outra pessoa de boa-fé, a não ser seu desgraçado autor. Tem este autor publicado vários livros e enchido ou bem ou mal centenas de quilômetros de colunas de jornal ou revista, porém sua única obra sincera e sentida é esse caderninho azul, escrito através de longos anos de aflições e esperanças, e negócios urgentes e amores contrariadíssimos, embora seja forçoso confessar que há ali números de telefone que foram escritos em momentos em que um pé do cidadão pisava uma nuvem e outro uma estrela e os outros dois... - sim, meus concidadãos, trata-se de um quadrúpede. Eu sou um velho quadrúpede e de quatro joelhos no chão eu peço que me ajudeis a encontrar esse objeto perdido.

Pois eis que não perdi um simples caderno, mas um velho sobrado de Florença e um pobre mocambo do Recife, um arcanjo de cabelos castanhos  residente em Botafogo em 1943, um doce remorso paulista e o endereço do único homem honrado que sabe consertar palhinha de cadeira no Distrito Federal.

O caderno é reconhecível para os estranhos mediante o desenho feito na folha branca do fim, representando Vênus de Milo em birome azul, cujo desenho foi feito pelo abaixo assinado no próprio Museu do Louvre, e nesse momento a deusa estremeceu. Haverá talvez um número de telefone rabiscado no torso da deusa, assim como na letra K há trechos de um poema para sempre inacabado escrito com letra particularmente ruim.

Na segunda página da letra D, há notas sobre vencimento de humildes, porém,  nefandas dívidas bancárias e com uma letra que eu não digo começa o nome de meu bem, que é todo o mal de minha vida.

Procura-se um caderninho azul escrito a lápis e tinta e sangue, suor e lágrimas, com setenta por cento de endereços caducos e cancelados e telefones retirados e, portanto, absolutamente necessários e urgentes e irreconstituíveis. Procura-se, e talvez não se queira achar, um caderninho azul com um passado cinzento e confuso de um homem triste e vulgar... Procura-se, e talvez não se queira achar.


(RUBEM BRAGA. Pequena Antologia do Braga. Rio de Janeiro: Best Seller, 2006.)


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onde o poeta substitui um poema: o da arvorezinha que fazia pose por ibope no meio do seu caminho pela poesia

- ah...
meu velho Braga:
também perdi a agenda!

que tristeza...
meu camarada!
nela havia um poema...

a quem cantava?
a Bopp: aquele cabra Norato! cobra!
a ver a arvorezinha ser música o céu querendo...


(Na sombra de um pé de creoli, no interior de Alto Longá.)


(LUIZ FILHO DE OLIVEIRA. Onde Humano. Teresina: Nova Aliança, 2009.)

sábado, 24 de janeiro de 2015

AGUAPÉ DEIXA O RIO NA MÃO





Variações em solo dum rio desta aldeia

I.

POTICAGANDO

Lixolatrina
aos olhos d’água:
esgoto caseiro de coliformes.

Eles estão cagando presse rio,
eles estão ali,
nem aí...

II.

OUTRO LEITO DE FOLHAS VERDES

Por que tardas por vir,
poder dos poderes públicos,
para assistir o doente Poti,
à mortalha de merda sufocando-se?

III.

DE CÚBITO DORSAL (ANTES DOCE!)

A espinha do rio que já foi meu – que não foi
dum Pessoa ou dom Francisco amarantino –,
cobreando (subterrâneo!) o seu rumo teresino,
reverbera uma verde mortalha ecotrágica.

IV.

POR QUE TARDAS, PODER, AO POTI?

À beira do rio, os edifícios
defecam a água e os resíduos
caseiros via pia ou latrinas e
tecem o manto de folhas verdes,
não romântico, classecotrágico,
a mortalhar a vida de evoluídos
seres da cidade no concretaço 
das margens da sustentabilidade.

No caos da vida contemporânea,
cravam suas garras nas encostas
do rio quinda é dessaminha terra
e vergalham projetos contra o veio
d’água doce do solo de nossa taba.

Dejetos sem tratamento, um erro de projeto,
de lei, de responsabilidades de agentes, de quem,
publicamente, deságua suja e infozmente o consumo
à beira do rio coberto da vergonha verde de aguapés
punidores impolutos dos filhos do Poti, rio limpo,
rio brando e doce se desaguando um triste quando...

V.

POR QUE MANHANAS TARDAS EM NOITADAS POR VIR, SOCORRO?

Qual Jati, a ti, Poti,
pra te-salvar não quer vir
quem vê sem poder o público
compartilhar tua imagem
de aguapés sem esperança,
apenas verdes se vale
a pena ou este teclado
a poetarem o mesmo tema

a variações nestas cenas.

(Luiz Filho de Oliveira)