quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

RÉQUIEM À FORMIGA MORTA PELO POEMA

Imagem: arquivo Google






Fábula de mesa sem uma redenção mais lírica

Formiguinha que me-cruzou a linha
e a de poetas a escrever devagarinho
a desenlinhar do animal as humanas vidas

como andasses por minha folha ex-branca
como fizeste nesses textos tantos
o teu corpinho negro me-fez branco
pálido ao constatar tua pressa
mais que a minha (dias antes)
e mais que constatar foi que depressa
senti por ti certo lirismo terno (como poeta)
e até pensei incrédulo que tu não és tão má
quanto o fabulista te-pintou eterna (que pena!)
Mas rápido não tardo a ler tuas trágicas cenas
na experiência à cadeia dum saber aberta
experta contra a infecção às centenas
de milhares de milhões que tu geras
como no ataque a nossa comida... sua esperta!
Observa minha cisma acima: não és mais terna!
Agora-onde mesmo que te-sigo às pressas
com um olhar a arranhar com garras (guerra!)
se te-segue em disparada no papel não tela
traçando linhas nem sempre cegas mas
que ver tua alma budista não conseguem
no aquiagora do texto crescendo tensas
na direção não traçada por ti pois verso
onde está o antilírico com a humana graça
do viver em ciência: gaio a cantar espaços
às gentes pelos mundos de um mundo
como antes do princípio destes versos
em que duvidava: mato-te-poemo?

Não... como outro bruxo também creio: melhor seria
se tal borboleta não me-tivesses alegorizado a linha:
são a tua morte estes versinhos!


(Em um formigueiro de uma formiga só.)


13 comentários:

JAIRCLOPES disse...

Limerique

Esse poeta poemou a formiga
Essa bichinha boa de briga
Um bicho que trabalha
Está sempre na batalha
Não lhe apraz essa tal de cantiga.

JAIRCLOPES disse...

Limerique

Era uma vez doce formiguinha
Que em tudo sempre disse a que vinha
Contrário a cigarra
Não gostava de farra
Lhe aprazia uma vida comezinha.

Unknown disse...

Que legal!
palmas!!

Cris de Souza disse...

Formigar, eis um verbo vivo!

JAIRCLOPES disse...

Limerique

Sabe o que realmente me intriga?
Esmagar a cabeça com uma viga
Mas no caso desse inseto
Um mistério mais completo
Caiu poema na cuca da formiga.

JAIRCLOPES disse...

Limerique

O poema fulminou a formiga
Que, aliás, seria minha amiga
O poeta malvadão
Atirou-lhe um bordão
E à sua morte deu-lhe uma figa.

JAIRCLOPES disse...

Limerique

Na natureza um enorme dilema
Que está fora de qualquer esquema
Um inseto social
Sofreu golpe fatal
A formiga agredida com poema.

JAIRCLOPES disse...

Limerique

Cuidar de minha vidinha é meu lema
Nada comprometo fora do esquema
Mas vate alumbrado
E muito inspirado
Acertou-me com caudaloso poema.

Luiz Filho de Oliveira disse...

Obrigado,
pela estada,
Jair de Floripa,
Cris de Souza,
Janice Adja.

ROGEL DE SOUZA SAMUEL disse...

é uma festa, o entrar no seu blog

Luiz Filho de Oliveira disse...

Bem-vindo à festa, Rogel.

JAIRCLOPES disse...

Limerique

A distraída formiga travessa
Anda sem que nada lhe aconteça
Mas poeta entediado
Num gesto descuidado
Lhe atira poema na cabeça.

JAIRCLOPES disse...

Limerique

Era um jovem poeta de vida torta
E formiga que ninguém se importa
Atirou-lhe um poema o vate
Como se fosse mero tomate
A pobre formiga agora está morta.