quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Poema tirado de uma fotografia tirada um dia



olha a gatinha!


te-vejo clic!
sorrindo passarinhos
em felicimagem

se cores em quadros
te-frequento
FIlMe

(BardoAmar. Teresina, 2003.)



quarta-feira, 1 de setembro de 2010

UM POEMA DE AMIGO NUMA CANÇÃO DESESPERANÇADA DE ALÉM





poema sem além para Neruda

que dirias tu (poeta)
se pudesses ler estes versos trabalhados
a uma humana homenagem tua?
sim... se pudesses pois creio:
não deve haver crença física em ser
uma vida o tal do mundo eterno

eu te-sinto sim (amigo)
nos espaços a que me-conduzes aqui
(pegada em tua mão a minha... página)
e no barro que deseja ser moldado forma 
(confeccionar do humo a força humana!)
e na palavra que voa página até a orla
(vagando tal onda em memória)

que posso esperar (poeta)
se eu também não disse nada?
se não fui as mãos que te-construíram
os caminhos por onde passaste pássaro
ou peixe ou barco ou nave ou palavra
ou somente humano: estados

ah... meu sereno chileno em tormenta
onde estou a terra a gente a vida estão
a ocupar este meu ser de teu clima: deste
de que me-aproximo para louvar a mar
a ti (amigo) que me-doaste a canção o grito
desesperados o amor o poema os sentidos
neste terreal paraíso



(Estando além do que poderia estar e querendo o Chile.)

(Luiz Filho de Oliveira. Onde Humano. Teresina: Nova Aliança, 2009.)




Las Manos Negativas

Cuando me vio ninguno
cortando tallos, aventando el trigo?
Quién soy, si no hice nada?
Cualquier hijo de Juan
tocó el terreno
y dejó caer algo
que entró como la llave
entra en la cerradura:
y la tierra se abrió de par en par.

Yo no, no tuve tiempo
ni enseñanza:
guardé las manos limpias
del cadáver urbano,
me despreció la grasa de las ruedas,
el barro inseparable de las costumbres claras
se fue a habitar sin mí las provincias silvestres:
la agricultura nunca se ocupó de mis libros
y sin tener qué hacer, perdido en las bodegas,
reconcentré mis pobres preocupaciones
hasta que no viví sino en las despedidas.

Adiós, dije al aceite, sin conocer la oliva,
y al tonel, un milagro de la naturaleza,
dije también adiós, porque no comprendía
cómo se hicieron tantas cosas sobre la tierra
sin el consentimiento de mis manos inútiles.

(Pablo Neruda, em ‘Las Manos del Día’)





As Mãos Negativas

Quando me viu alguém
cortando talos, peneirando o trigo?
Quem eu sou, se não disse nada?
Qualquer filho de João
tocou o terreno
e deixou cair algo
que entrou como a chave
entra na fechadura:
e a terra se abriu de par em par.

Eu não, não tive tempo
nem ensinamento:
guardei as mãos limpas
de cadáver urbano,
me desprezou a graxa das rodas,
o barro inseparável das vestimentas claras
se foi a habitar sem mim as províncias silvestres:
a agricultura nunca se ocupou de meus livros
e sem ter o que fazer, perdido nas bodegas,
concentrei-me em minhas pobres preocupações
ainda que não tenha vivido senão nas despedidas.

Adeus, disse ao azeite, sem conhecer a oliva,
e ao tonel, um milagre da natureza,
disse também adeus, porque não compreendia
como se fizeram tantas coisas sobre a terra
sem o consentimento de minhas mãos inúteis.


(Tradução de Luiz Filho de Oliveira)