sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Em todos os cantos (das telas às bancas), um Poeta quer-se-expor a ledores de plantão



Terminados a impressão e o acabamento de Onde Humano, fico esperando somente a volta das férias para que possa agendar o lançamento, em janeiro, dessa obra, que é meu segundo livro de poemas, oqual conta com o incentivo da Lei Cultural A. Tito Filho, da Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves, órgão da Prefeitura Municipal de Teresina e com o patrocínio da Faculdade Santo Agostinho. Portanto, com esse gostinho de trabalho feito, começo a pensar no que farei daquipradiante.
         Estou pensando em duas possibilidades: a primeira é um livro de poemas "normal" acerca de um "tema central" a ser escolhido (disse, à primeira postagem deste texto, que havia pensado em escola, mas não o-confirmo); a segunda, um livro de poesia satírica. Quanto a este último, já tenho reunido um número bom de poemas; oque já é uma vantagem , em relação à possibilidade do primeiro projeto, pois, nesse caso, já posso iniciar a fase de leituras-e-reescrituras. Contudo, é necessário muita cautela, gosto que o caldo de galinha já venho tomando há muito tempo.
         Digo isso porque os poetas sabemos o vespeiro que é a poesia satírica. Taí Gregório, que não me-deixa mentir: quanto incomodou a seus inimigos esse poeta maldito! Bem digo: ele é o exemplo vivo (na própria carne!) de que esse gênero poético tem força contra as forcas de autoritarismos de qualquer tipo. Mesmo que, ao final de sua vida tenha-se-arrependido dalgumas coisas, não sei em que sentido, pois não é muito contrito aquele soneto Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado.
         Está escrito, portanto: se optar por levar à frente o projeto do livro de poemas satíricos, quero fazê-lo, a princípio, como uma homenagem aos poetas brasileiros que compuseram nesse gênero: de Gregório (o pai brasileiro da criança), passando por Tomás Gonzaga, Bernardo Guimarães, Luiz Gama, Juó Bananere, Chacal, até o Guru do Méier, Millôr. Quanto ao primeiro da fila, falo que, por esses dias (23/12), ele estará completando anos de nascimento, mesmo estando mortevivinhodasilva. Por ele, minha lira maldizente afino e lanço as torpezas dos inimigos dentro dos Infernos fictícios.
        

A arma do Poeta continua sendo a Boca dos Infernos

Pode o Poeta,
Ser rico,
ser pobre;
mas não é de cobre
a sua amizade –
é mais forte!  –
é honesta!

Pode o Poeta,
por palavras,
pôr pedradas
em sua fala ao inimigo,
que só irá atingi-lo
e desfigurá-lo
a metáforas!

Pode o Poeta,
andar térreo,
andar nas nuvens,
de jeito meio aéreo;
qu’inda é dos Infernos
a sua Boca de Guerra:
“Mato-os!”

Pode o Poeta,
colar de prata & pena,
colar, em seu poema,
um mote dum mestre velho,
que lerá seco o seu verbo,
pela pilhéria com veneno
aos vermes! 

Pode o Poeta,
a licença poética,
à licença dar poética 
em seu rudo verso,
que aqueles ledores
bem maldizente lerão
sua lira acérrima!

Pode o Poeta,
a mar de poesias,
amar o que le-faria
um legítimo assassino
de ficção tão atrevido,
qual toda boca
do satírico!



Cantiga para bendizer dos assassínios escritos por pena de Poeta rudo

O Poeta já assassinou  – 
entre tantas gentes  – uns infiéis,
armado de seu lápis, perfurando
quanta página em carne.
Eitadiabo!

Fez dos estilos as estacas
(afiadas pra dráculas!),
pela lâmina do estilete:
matança cinematográfica!
Eitadiabo!

Os cortes expostos nos textos,
sangrados à sequência das mortes;
as convulsões em linha parindo defuntos;
o profundo das palavras coagulando-se.
Eitadiabo!

Espalhado o horror pelos cantos,
um lamento feito música ecoando;
nas telas, nas livrarias; nas bancas;
os assassínios, a denúncia, o delito flagrante.
Eitadiabo!

A sentença escrita, processada, crítica,
é a de que o Poeta (de tantos, amizade!),
vale mais do que toda  essa canalha.
A pena é legítima: fatal, a defesa válida.
Eitadiabo!


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