sábado, 7 de novembro de 2009

O doce estilo novo do velho vate italiano, qu’inda segue cantando: “Amor com sue promesse lusigando...”



S’amor non è, che dunque è quel ch’io sento?
Ma s’egli è amor, per Dio, che cosa è quale?
Se buona, ond’è l’effetto aspro mortale?
Se ria, ond’è sì dolce ogni tormento?

S’a mia voglia ardo, ond’è’l pianto e’l lamento?
S’a mal mio grado, il lamentar che vale?
O viva morte, o dilettoso male,
Come puoi tanto in me s’io nol consento?

E s’io’l consento, a gran torto mi doglio.
Fra sì contrari venti, in frale barca
Mi trovo in alto mar, senza governo,

Sì lieve di saber, d’error sì carca,
Ch’i’medesmo non so quel ch’io mi voglio,
E tremo a mèzza state, ardendo il verno.


(Francesco Petrarca)





Se amor não é, qual é este sentimento?
Mas, se é amor, por Deus, que cousa é tal?
Se boa, por que tem ação mortal?
Se má, por que é tão doce o seu tormento?

Se eu ardo por querer, por que o lamento?
Se sem querer, o lamentar que val?
Ó viva morte, ó deleitoso mal,
Tanto podes sem meu consentimento!

E, se eu consinto, sem razão pranteio.
A tão contrário vento em frágil barca,
Eu vou por alto mar e sem governo.

É tão grave de error, de ciência é parca,
Que eu mesmo não sei bem o que eu anseio.
E tremo em pleno estio e ardo no inverno.


(Tradução de Jamil Almansur Haddad)



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