terça-feira, 10 de novembro de 2009

É, meu Poeta, e há ainda tantos muros a serem derrubados para que a Humanidade aprenda a respeitar à Terra e a si própria



 
ÓDIO BENDITO

Meu ser é como o ser perverso e doente
Do ladrão, do bandido, do assassino...
Corre em meu sangue o fluido viperino
Do vírus tenebroso da serpente.

Mente-me o olhar; mente-me o lábio; mente
Dentro em meu peito o coração tigrino,
Zombando dos caprichos do Destino,
Num ódio estranho, altivo e repelente...

Bendito este Ódio aos homens miseráveis,
Aos torpes embusteiros execráveis
E aos traidores do Amor e da Verdade!

Bendito este Ódio bom, santo, orgulhoso,
Que me oferece o torturado gozo
De querer mal a toda Humanidade!


(Da Costa e Silva, em ‘Sangue’, 1908.)



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