quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Um poema para a poesia num ponto duma tela neste planeta e continua aqui se-escrevendo


 
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amarração

velo-te-levo qual ondas vagas
náufragas em ficções abismais praias
sedentas de cantigas

mais: a movimento prata – como
rebentando-se à proa das pedras – cais em mim
nestes maravilhoso sentimento ancoradouro poema

em que pesam amarras sobre nossos
mundos hoje diferentes: navegado entre
linhas o rumo trançado por nós

se novos monstros insistem
em querer abalar superfícies: esta
nossa profundidade não no-conseguem

marinho: velas agora estes versos
para que noutra hora te-sejam leme antena
nau que em correntes freme intensa

e que os recifes  –
esses acocorados inimigos das quilhas – 
tampouco os-teme

em teus mares dalém portugueses se primitivo
me-exponho em desenhos & cartas sobre teus planos
vaga-me o que praia em certas rotas tortas

então não importa os velhos deuses
estarem de quase todos descrentes (acreditas?)
nem mais se-mudarem em ventos

também não se não me-entendes pois 
se verso tormenta em calmaria de cais te-contenho
neste quando me-atraco-te onde humano

âncora a amplo cérebro capital (ex-coração)
não a mar de antigos navegantes onde
pelo cabo criam serem tragadas as naus

rEPICO (luízes têm dito a Bacos & a gentes):
não raro a sorte do barco de Vascos (ainda que vasto)
deixa de ser o infundado oceano terreno

visto haver pouco amarrar-se em porto
que não traga vária avaria aos poucos
ou velar-se o glório em nau frágil a mar


(BardoAmar. Teresina, 2003-2009.)


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