segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O segundo teste do aluno de poesia: Onde Humano, os primeiros trabalhos nessa escola




        Depois da publicação de BardoAmar em 2003, iniciei, em 2004, a reunião de textos que eu já havia escrito antes da edição desse meu primeiro livro . A princípio, a intenção era tão-somente não perder os trabalhos que estavam dispersos, espalhados em cadernos, agendas, folhas avulsas e, mesmo, pedaços de qualquer papel, pois é sabido que os textos (como uma ideia, que são) vêm de súbito, como uma maçã na cabeça da gente. Por isso, é preciso, com toda a gravidade que esse ato exige, registrá-la em qualquer canto (com o trocadilho, por favor!); sobretudo, em se trabalhando artes como a literatura e a música.
        Feita a reunião, pude perceber que, pelo “quorum” dela, já deveria pensar em outro livro. Se, como afirmei em outros textos, resolvi escrever com comprometimento de colaborar com a Poesia da Terra (a tal Universal); então, não pretendo estar trabalhando com poesia apenas por divertimento. É também isso, claro, mas pra chegar aos resultados há de haver muito trabalho; pra que eu também possa pagar as contas desse investimento a longo prazo. Não é de se-estranhar, portanto, que, ao me-referir aos poemas, chame-os de modo a caracterizá-los dessa forma; instituindo, assim, uma máxima ciceriana-pós: a do trabalhador da poesia, co seu labor cum dignitate. Mesmo porque há que ser remunerado, pelo esforço dispensado, o poeta. Em nosso século dignidade custa caro. É isso que desejo estar escrito no poema uma das poéticas pós empossada da palavra no cargo de poeta (que está num texto anterior a este, nesta página, reescrito do que foi publicado na revista Caderno Literário), oqual se-encontrará no meu segundo trabalho poético: Onde Humano, a ser publicado ainda este ano de 2009, com o incentivo da Prefeitura Municipal de Teresina, por intermédio do Projeto Cultural A. Tito Filho, desenvolvido pela Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves.
        Ter recebido esse incentivo da Prefeitura de Teresina foi o maior prêmio por que já trabalhei até agora na minha “carreira de poeta”. Estou muitíssimo lisonjeado e ciente de que estou bem pago por esse estágio. Mais ainda: não leio o momento de estar o livro publicado. Ah, esse “fetiche”, o livro, o objeto, o material, o físico; não há digital que o-substitua! Pra mim, não. Assim estou fazendo: Onde Humano tem oitenta e quatro poemas, distribuídos em três partes (Poemas da Poesia, Os Ais do Social e Eus interiores & Capitais). Pra chegar a esse formato, contudo, trabalhei durante cinco anos, até agorinha mesmo (e consequentemente, certo?).
        Quanto ao conteúdo da obra, dessa vez ele é por demais diversificado, pelo próprio caráter individualizado que os poemas osquais pude reunir dão ao significado global da obra. Em cada parte do livro, trabalho com um tema geral. Em Poemas da Poesia, por exemplo, busco fazer uma homenagem ao ato de escrever humano e, por extensão, à literatura, reconhecendo-a como muito significativa na vida dos seres humanos, visto que é uma marca que nos-distingue dos outros animais, positivamente. Assim é que, se os animais têm cultura, linguagem ou até sentimento; nós os-temos e ainda podemos deixá-los gravados para “sempre” (até esse planeta existir?). Sempre gostei da escrita por esse “poder mágico”. Gosto de escrever também por isso. E ainda pelos poetas antigos e por meus contemporâneos. Razão primeira e contínua deste escrever-se para o universo, este planeta, a Terra.
        Na segunda parte de Onde Humano, Os Ais do Social, rasgo o verbo para dividi-lo com meus irmãos terrenos. Afinal, estamos na mesma bola, rodando a elipse dos anos. Portanto, meu grito, gravo-o em palavras de todas as toadas. Inclusivaté, as de baixo calão, bem alto: fideputa! A cada conteúdo, então, o nosso falar a favor ou ao contrário. Sei que eu não vou mudar muita coisa, mas vou escrever o que tiver de pensar sobre a humanidade (do meu bairro, da minha cidade, à minha pátria, ao meu planeta, ao universo!). Esse é o onde de que falo no título do livro: o lugar de ser humano, feito substantivo , adjetivo ou verbo, todo ambiguidade no espaço!
        Pra deixar menos agressivo o tom do livro, fecho-o com Eus Interiores & Capitais, em que o lirismo e o sensualismo aparecem por meio de uma poesia mais subjetiva que nas partes anteriores. Nessa, repito (de novo, perito?) aquela postura acerca do amor, aqual trabalhei em BardoAmar. Ou seja, amor é coisa de bicho-bicho, mas fazer amor em poemas é de bicho-homem! De novo e sempre, o sexo, o acasalar-se em um lar, o dividir a cama, a rede, a barraca, o que-quer-que-seja! Pra mim, com uma mulher; pros outros, com o que-quer-que-desejem!
        Todo esse trabalho feito com o principal objetivo de trabalhar a minha língua, a portuguesa do Brasil. Claro que também mordo arcaísmos (lusos ou brasucas), neologismos, estrangeirismos e regionalismos, pro ludo tornar-se ismo. O prazer que o texto encerra, pra mim, é o início de tudo. Vivo a poesia. Viva-a!
        Como o-fiz com BardoAmar, quero-les-dar um quartinho de poemas de Onde Humano, pra que vocês próprios o-julguem. Vão pra cima:



POEMAS DA POESIA



veste o REVISOR  a  3 : 0  POETA ataca com a dez*


zagueiro das letras
tu jogas limpo: eu jogos surjo
sem erros e não os cem... a mil!


e se defendes
a braços e cabeça
certa língua (errado?)
e com essas defesas tuas
tu não queres deixar passar
por entre as pernas dos teus olhos
não bola mas mil e umas palavras tortas
é por ser teu toque um acorde que acorda
posto veres com todos esses cuidados pudicos
os descuidos do time postos a padrão de público
porisso vês de novo revês: seguidas segundas vezes!
visas a ver os reveses nos entraves das falas do escrito
o ciscado dum atacante na grande área da arte dos signos
o cisco em campo a trave no olho (olha o lance! tira! vixe!)
viste? se parábola passa a palavra... bola mansa na página
e se jogas acima: eu lanço mão de um recurso vivo... poesia!
por que vejas como jogo o jogo todo de fora com a língua 
entanto noutro lance encontro espaço ainda
assim passo passes passas: jogadas
a dar a tua defesa (trabalhas!)
minha linha experta
sem errada
(certo?)




(Estando perto do País do Gramática.)


*A Carlos, pelo ofício de ser um senhor revisor Leal.




questão de poesia

deixe completo ou complete:

o verso é avesso à morte
e por dentro & fora
permanece __________


(Em espaço de exercício gramático-poético.)




um poema: a poesia colhida do campo humano*

àqueles que
te-desconhecem
o sabor: a tua messe!


(Onde é semeada de nova mente a palavra.)


* Em memória do poeta H., que, não mudo (dobrado o mundo), é Dobal.



catalogação da obra ou o poema dá obragem

poesia universal
poesia via-lacteana
poesia sistêmico-solar
poesia terrenumana
poesia sul-ocidental
poesia sul-americana

poesia brasileira
poesia nordestina
poesia meio-nortista
poesia piauiensíssima
poesia campurbana
poesia todo-bairrista

poesia caseira
poesia de gabinete
poesia de mesa
poesia de papel
poesia de tela:
poesia mesma!


(Em qualquer desses lugares e neles todos.)



quase-haicai com título tirado de um balaio

em seu solo o gato
e esse novelo (cem nós!)
sempre serão novos


(Na ilha de São Luís, não na de Creta.)




num canto maior à tarde um poeta vida uma ave

Primavera em maio
meu bairro exala um canto
e eu canto outra Fênix

do ninho no galho
da árvore a ave canta
e encanta nova mente:

fogo apagou! (cinzas)
fogo apagou! (chispas)
fogo apagou! (vida)


(À mesa do quarto, na cidade abaixo do universo.)



a rainha foi ou não foi ao teatro assistir à tragédia? – pergunta a rir (encantado) o sapo da plateia – depois a fala beijada

– estou aqui
cenando o ser ou não
ser humano príncipe

mastambém mendigo:
quero mais vida (ação!)
masporém comédia... please!


(Estando humano onde, em Teresina ou em Londres.)




OS AIS DO SOCIAL



reinscreve um poeta a seu passo a nova capital & a passada capitania de Piaguí*     

tristeresina: um quê de semelhante
estás ao que era nosso antigo estado
(rico de nativos mortos por gados)
em este mote alheio & cambiante

se a ti tocou-te a máquina mercado
esse ouro que apaga muito brilhante
a nós todos aqui tem-nos-tratado
com os dous ff dum poema dantes

deste estado – a quem não deste por renques
as carnes como o-fez à gente ruda
de Bahia Pernambuco Minas (mortes!) –

há quem alegoricamente tente
fazer ainda uma vaca bojuda
para carnes & poemas de corte


(De Oeiras, Salvador, Ouro Preto, Recife a Teresina, em estados de Brasil.)

*A Cineas, homem com letras, de cimos Sãos & Santos.



escola & biblioteca nacionais revisitadas por dois brasileiros poetas

os cartazes pedem às vozes
(mesmo que não sejam loquazes)
um silêncio com volume sepulcral

os profissionais – professores quase
aposentados – vigiam a indisciplina
de alunos de castigo: deslocados

os livros são títulos reescritos de Oswald:
a Criança abandonada no século XXI
O Doutor Coppelius Faz Milagres
Vamos com Ele (a Volta)
Senhor Primavera: o Poeta bairrista
código do Crime Brasileiro
a Arte de Ganhar na política
o Arador impopular de Versos
O país em Chamas


(Em frente à escola da comunidade, numa quebrada do país.)



papagaiato

como disse gostoso
um minha-rosa aquele louro
de minha vizinha (ô papagaio!)

masporém em sua velhitude gaiata
mais ranzinza gritaria uma palavra
aos que tentaram levá-lo a voz
numa linha condicionada pela
ladainha de praxe certinha
a quem vicentinamente desdizia:
fideputa! fideputa!


(Estando do outro lado do muro do louro.)



onde o filho de Pablo tocou a terra e deixou cair algo nela

e arroz
a quem voz
depois de nós

e feijão
aos que não
descansaram

e milho
aos filhos de
nossas famílias


(Em campos semeados para o sepultamento dalguma fome.)



onde o plano está prefeito     

executa o político os golpes
privados poderes máximos sobre
vidas públicas a civil vendidas

intenção e morte ecoam
ambíguas cabinas e atiram
carabinas de banda bando part 

ido: justiça é crime?
há algum suspeito no pleito?
ninguém assina esses assassínios?



(Na fila de populares injustiças elitistas.)




EUS INTERIORES & CAPITAIS



a  mar

um mar anseia outra nau
em cios & silvos: vivo amante
em tormenta... estando em movimento

marés ventos sons-violência entanto
no então amar vazando bem raso no chalé
sal cantando nas vozes superfícies do profundo

que assim navegando sem evasão –
corpos ocupados de ondes – mergulham
no maravilhoso dos sentires humanos amando


(Em Luís Correia... sem correria.)



nãO! ou no meio do poço o fim: seu começo

gravemente literal –
na calada – esta queda:
pe   sava   a  palavra dela
    n        n

dada bem no túnel
guardada mal no fundo
desca   sada do mergulho
         n


(Fingindo um infausto destino, rumo a Belém, sem parar.)



vilão ser-te por amar a esta velha forma antiga

meu amor – tanto te-amo
que meu desejo são ousa
desejar-te minha lousa

por que bem te-escrevinhasse
pela pele em poesia
o que nos-registra o enlace
entre a tua vida e a minha
palavras mil eu reclamo
e tal ideia repousa
no teu corpo – minha lousa


(Dentro do Palácio, que é a Poesia.)



outras relações naturais como Qorpo-Santo

nada impede o poeta
ou o linguista de fazer sexo
oral com qualquer que seja a língua...


(Em certo lugar de qualquer sexo.)



fui eu quem te-prometeu a vida num poema-cantiga

eu sou no teu cio
rio que desarde o dia
compondo teus sóis
sons!

eu suo os teus chãos
mãos a soar tais metais
plantando teus sons
sais!

eu subo os acordes
cortes na carne do ar
solando teus sais
sóis!


(Em Caxias, num leito de folhas ex-brancas.)



próximo poema distante tantos quilômetros da cidade

a quem quer voltar
o caminho é longo
pois longe está o lugar
onde moram em memória
os meninos a tornarem-se
esses – hoje – homens
as matas da carnaúba
a pisar o pasto das águas
as arvorezinhas do vizinho
onde cantavam as aves
os pomares de manga de manhã
dando as delícias à tarde
e à noite a tenebrosa sombra:
monstros a infâncias

distâncias tais se tão longas
para segui-las é precisa a língua
como cerebrando um menino umas linhas
costuma ter à mão outríssima pena (pernas!)
entanto mesmice seu poema: mesmo de
novo jeito de novo: grava a lápis
e pensa e apaga e logo digita... lento:
alto é o lugar onde mora
o longe das lembranças
longa é a cidadezinha: vida
percorrida pelas mãos ainda
de um pequenino poetinha
em estadas de poesia


(Em Alto Longá, onde a infância foi caminho entre mangueiras.)



ninguém é obrigado a aceitar-ela masporém mo-obrigo

e eu que
não sou santo
católico nem nada (nonada)

onde ela
me-deu aquela bola
só olhei pros lados (olhos)

impedido?!
desconfiado?!
desmerecido?! (eu?!)

e não tive dúvida
e corri para abraçá-la
e dada mais nada de esmola


(Onde o jogo é comum a todos os inscritos.)




sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Texto à vista: BardoAmar, o teste da poesia




O primeiro livro que escrevi, na verdade, não representava os primeiros poemas que eu já havia feito devagarinho na minha carreira de poeta. Mas foi, sim, o meu primeiro trabalho para compor um livro, uma obra inteirinha. Trabalhei um pouquinho (todo o ano de 1999), lido que apenas (a lápis, a caneta e a tecla) produzi cerca de oitenta poemas, a maioria com aparência de haicai japonês, tão ao gosto de um Guilherme de Almeida (sério!), quanto ao de um Paulo Leminski (brincando?). BardoAmar foi, portanto, o meu deixa-comigo-que-eu-quero-é-isso.
Creio que ter sido classificado, com esse primeiro trabalho, em segundo lugar no Prêmio Torquato Neto de Poesia, da Fundação Cultural do Piauí (FUNDAC), em 2000, já foi um excelente resultado: fui só entusiasmo pra prosseguir pelas páginas adentro. Só não fui tão longe: nas duas edições que essa obra teve (em 2003 e 2005), foram publicados apenas dois mil livros. Pouco combustível pra quem quer ir bem lonjão. Mesmo assim, saí do lugar; contudo, caí num lugar-comum: dei o primeiro passo. Não estou mais possibilidade, sou poeta.
Por isso, essa vontade de me-expor mais do que nas bancas, foi o que me-trouxe até estes sítios. Vim porque me-fiz assim: quero colaborar com a escrita terrena doando estes textos que tenho às mãos (quem diria que iríamos escrever digitando prum mundão de gente sem tamanho?). Pois bem: como não sei quando um dia irei publicar uma terceira edição de BardoAmar, gostaria de me-aproveitar dessa editora-à-tela-aberta, que é a infernet, para publicar quase um quarto de poemas desse livro. Quer estar nesse catre comigo? Então, deite-se num poema do livro:

cama suma

em camadas & ângulos
me-configuro-te livro
em clímax se climas


            Esse formato que apresento aqui, entanto, tem somente uma “antologia” aqual eu sozinho construí. As escolhas são minhas; portanto, não há outra intenção do que a de postar os textos mais representativos de cada parte do livro para recuperar o todo que o conjunto dos poemas significa. Os temas mais recorrentes da obra são o amor, o desamor e o novamor, na versão casal-casa-cama. Isso é pra ficar claro pela luz que a divisão em três partes lança no significado dos poemas. Assim, por conta da relação de sentido coa expressão, a poesia de BardoAmar é lírico-erótica, excitada por um desejo de trabalhar o ludismo da linguagem, sobretudo.
            Não menos que isso; sim, mais que isto: quero “contribuir com uns versos” pra pagar o que devo por ter lido tão bons poetas pelas páginas de minha vida de leitor de poesia. Certamente, ficarei devendo um tanto grande de poemas. Mas continuo trabalhando. Por enquanto, então, quero servir a todos estas copas do meu vinho-poesia. Já adverti: beber poesia faz bem! Tim-tim!
           


PARTE I: a-MOR vinha vinho


BardoAmar

velhos personagens
vinha esse verbo velho
tinto em cenas líquidas

brinde pois conosco
onde imóveis sentimos
corpemente ação excetiva

sãos sentidos que nos-marem
em música vinho poemas
delícias a tormentas

por risco também
nestas linhas fie tais sentidos:
aqui dentro eus nós

velozesamarras
velas a mar a velarem-se
no que o verso encerra



faróis

de meu olhar brilho
se luzes preciso rumo
porto... postoAmar



poesia na morada do aluno de...

  aMOR
HUMmm...
a  MOR  ação!



oráculo principal

bem dentro de ti campo
este canto de trigo enigma:
cativa-me-devora!



olha a gatinha!

te-vejo clic!
sorrindo passarinhos
em felicimagem

se cores em quadros
te-frequento
FIlMe



cerebral paisagem aérea

em este amor este
branquilidade de nuvem
contra o azul oeste



I... de IN

Senhora: Vós  -
voz aqui dentro
hoje em tu (vês?) -

entre entes
sóis sois
em mim



PARTE II: a mar frágil nau


voz nua à Lua nativa

contra-assopram em mim
lembranças de ti
a selvar-me salvagem

como tupis amórfagos
ritos in vocação nova:
catiti! catiti!



estiagem no poema

o Sol traga
a vinha vida do poeta
que espera

versiflorem
sulcos as brancaragens
nestas páginas da Terra



amor descortês

ai! quem senão tu
já não me-quer escutar
que assim se-convém



chavões de ouro

é... toda dor quer ser a mais doída
e todo amor quer ser o mais querido 
hipérBOLESantíTESESouVIDAS



me-salvo-te

arquivo os dígitos desse
dito a-mor num outro arquivo
fora de mi      cro: vírus
                    m



pela linguagem da gravura escorre o verbo

ana... co luto do fim comunico
isto (com um comum rumor único):
amorragia... não há escapar imune!




PARTE III: mas novo vinha mais


de esparso a espaço

graças à perspectiva
num horizonte em linha
tocamos a estrela que vigia



milhares vezes mulher

tu... uma mulher
& todas: entes em ti
bem a mim: hipérbole!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!



vinolência

tomo-te em meus braços
a boca vinosa: sangue
bem tinto a vidar-me

já tu me-tomaste
de branca surpresa - tanto! -
que te-encontras tonta



a dois

um sexo
bem champanhe
ao outro: baile de gala

a Baco & Ariadne
esse vinho em vida
brinde branco brinde



engenho eu... tu artes

canto doce amor
concerto celeste corpo
onde nova mente



estes versos são o canto são deste dia

a ti desbranco páginas tinto
enquanto velho um novo poema
tanto que sentido o sensível a estas telas

rituando traços humano-te tais vinhos
ao odor do tato de tuas taças... corpo
onde bebo verbo canto verso

nunca nosso sentido completo
apelo: poesia-me-a-cada-dia-o-quanto-linha-somos
por-que-te-fie-os-próximos-riscos



cantoAcântico

beijo-te-vinho
tão delícia quanto
a música poesia

leva-me tu corrente
gozalegria: humamamentecorpo
em mundano nu divino

minha mais que vide: vinhas
púrpura a mim... formosa
sol resplandecente sentido

sobre os campos por onde ando
se pelas telas teclo vulva sulco pelos seios
apascentando o terreno sexo

enquanto em cantos
amor fio... verso descompleto caminho
rumo ao IN: local universal

e brindemos pois quais taças manhecentes
e façamos amar transbordando a vida intensos
a saber os sabores sensíveis